Walcyr Carrasco anda mesmo em alta na Globo. No ar com “Amor à Vida”, a atual trama das nove, o autor também é visto à tarde, no “Vale a Pena Ver de Novo”, com o re-repeteco de “O Cravo a Rosa” – produção de 2000-2001, já reprisada em 2003.
E Carrasco continuará às tardes: a partir de janeiro, estará de volta “Caras e Bocas”, originalmente exibida em 2009 – num caso raro no “Vale a Pena Ver de Novo”: novelas seguidas de um mesmo autor – ainda mais se considerarmos que “O Profeta”, que antecedeu “O Cravo e a Rosa”, teve supervisão dele.
A Globo está mesmo preocupada com a audiência de suas tardes: mudou o logotipo do “Vale a Pena” e da “Sessão da Tarde“, vai revitalizar o “Vídeo Show” e até cogitou extinguir a “Sessão da Tarde“. Para a faixa de novelas vespertinas, optou por um grande sucesso popular: “Caras e Bocas” é considerada um dos maiores êxitos do horário das sete da década passada – chegou a ultrapassar a audiência da novela das nove da época, “Viver a Vida” (de Manoel Carlos).
Com forte apelo popular, a novela caiu – inclusive – no gosto do público infantil, que se encantou com as peripécias do chipanzé Xico, que pintava as telas que Denis (Marcos Pasquim) expunha como se fossem suas. Também agradou a personagem de Isabelle Drummond, Bianca, que formou uma carismática dupla adolescente com Felipe (Miguel Rômulo). O bordão de Bianca – “é a treva!” – fez sucesso.
Foi a partir de “Caras e Bocas” que Marco Pigossi passou a ser reconhecido, por conta de seu personagem Cássio, um gay pra lá de afetado, por quem Léa (Maria Zilda Bethlem) se apaixonava. “Tô rosa chiclete!” foi uma das frases do personagem que ganharam as ruas. A repercussão foi tanta que Pigossi passou a receber papeis de maior destaque em seus trabalhos seguintes. Também fez sucesso o casal de nordestinos vivido por Suzana Pires e Fábio Lago – “Não me absorva Fabiano!”, era o bordão de Ivonete (Suzana Pires), se referindo ao marido.
A novela teve também uma atriz deficiente visual com um papel fixo do início ao fim: Danieli Haloten, que viveu a cega Anita. E a atriz Rachel Ripani teve sua cabeça raspada em cena, por conta do tratamento de quimioterapia de sua personagem, Tatiana – muito antes de Marina Ruy Barbosa recusar-se a perder os cabelos, em “Amor à Vida”.