por Daniel Yahir
Alguns autores (e colaboradores) de novelas da Globo parecem que não notaram ainda que os tempos são outros. Tramas arrastadas, confusas e que demoram a se desenrolar parecem destinadas ao fracasso. A recém terminada “Além do Horizonte” demorou de duas a três semanas para pegar ritmo. Os autores souberam ouvir o público e mexeram em alguns pontos da trama sem perder o fio condutor da história. Ainda sim terminou como a menor audiência do horário MAS ao mesmo tempo o estrago não foi tão grande exatamente por ser trama das 19h.
Já “Em família” parece insistir no erro. Não propositalmente, mas por falta de opção mesmo ! Manoel Carlos fez o combinado com a Globo: escreveu adiantado vários capítulos antes da estreia. Mas parece que a “vênus platinada” esqueceu do estilo do autor: cenas longas, músiquinha bossa nova, mãe e filha apaixonadas pelo mesmo homem e um casal de lésbicas pra dizer que ao mesmo tempo ele é polêmico. A Globo resolveu então juntar dois capítulos em um, aumentando de leve a audiência mas fazendo um estrago sem tamanho no planejamento do autor – que agora, querendo ou não, tem que “enrolar” pra conseguir chegar ao número de capítulos combinados com a emissora.
Lógico que não podemos esquecer da heroína de todas as novelas do Maneco: Helena. Justiça seja feita: Júlia Lemmertz é excelente atriz, está dentro do que se propõe o autor. O problema é a história mesmo, fraca, repetitiva, com cara de “A lagoa azul” na Sessão da Tarde. Pode botar cobra, Bruna Marquezine beijando o Gabriel Braga Nunes, Humberto Martins (que sempre faz papéis fortes, de galã durão) num papel insosso – repito, culpa da história – que não vai ter jeito. Tudo joga contra “Em família”. Daqui a pouco começa a Copa do Mundo e me pergunto se isso vai alavancar a audiência ou tratar de ferrar de vez. Realmente é uma pena. Maneco poderia encerrar sua carreira de novelista sem essa…