Empadão da COPA
(David Lorenzon Ferreira)
Parabéns! A Seleção brasileira merece uma estrelinha na testa de cada jogador. Mas que bela estreia fantasiosa fez o nosso time na COPA das COPAS: BRASIL 3 x 1 CROÁCIA. E enquanto comemoramos os 2 fabulosos gols de Neymar Jr. e 1 gol de não sei quem, o resto do mundo e, principalmente os argentinos, afirmam que fomos favorecidos por um arbitro japonês.
Enquanto apresentamos um BRASIL mais do que bagunçado para o resto do mundo (vandalismo misturado com anarquismo, temperado com reinvindicações por melhoras significativas nas áreas da Saúde e da Educação, greves aqui, alí e acolá ressoam por aí, etc.), um sentimento misto emerge de nossas entranhas: patriotismo para inglês ver e a fúria desse mesmo gigante semiadormecido que em 2007 celebrou a escolha de nosso país para sediar a COPA deste ano de 2014. “Ó xente!”, acho melhor tomar meu Five O´Clock Tea (uma xícara de chá) e assistir de camarote da minha sala íntima o que ainda vem por aí. Até o final da COPA muita bola ainda vai rolar.
Nesse lesco & lesco da bola em campo, o minguado Dia dos Namorados brasileiro (em 12 de junho) deu prejuízo aos setores do comércio e serviços (restaurantes e motéis). Lojas órfãos de clientes, enquanto os estádios cheios de brazucas e gringos que tiveram condições de pagar pelos bilhetes dourados para assistir aos jogos (torcedores prós e contra reunidos em nichos estrategicamente montados nas capitais dos jogos para entreter esses alienados), os estoques continuam abarrotados a espera de consumidores que neste dia memorável ou fatídico para cada um de nós brazucas em solo tupiniquim, já que nós insistimos com essa releitura de certos contos de fada que há tempos não tem um final realmente feliz.
Logo em seguida damos de cara com uma Sexta-feira 13 (TREZE). É o destino afirmando nossa onda de azar? O que mais tem sido vendido por aí são produtos com a bandeira brasileira e suas cores do Zé Carioca. Por que tudo nesse país tem que ser assim? Se os nossos representantes não sabem gerir esse gigante território tropical, vamos entregar logo sua administração para os gringos ou dividir o país em 5 países menores (de acordo com a divisão geográfica das regiões brasileiras) e tentar reinventar a máquina democrática perdida no tempo e no espaço da memória do povo brasileiro.
Ou podemos fazer melhor, podemos trazer a monarquia de volta e coroar os herdeiros de Dom Pedro II (a família real brasileira vive esquecida para a maioria da nação, em seu mundo particular na cidade de Petrópolis no Rio de Janeiro). Há poucas décadas tivemos um referendo onde o povo escolheu permanecer com o sistema político presidencialista que temos hoje ao invés de ter escolhido o parlamentarismo ou a monarquia parlamentarista. Acredito que o povo deva ser consultado novamente a esse respeito e também a respeito de outras questões levantadas nos últimos tempos pela sociedade civil sobre alguns direitos e deveres dos nossos cidadãos.
Dentro desse dilema, seguem pelas ruas do país as marchas para isso ou para aquilo (apolíticos, apartidários ou religiosos), uma pseudo-justiça (quiçá injustiça) feita pelas próprias mãos do povo, pelo povo e para o povo; mas se é assim, para que elegemos e pagamos caro os representantes dos poderes Legislativo, Executivo e Judiciário? Substitua tudo isso por um rei, ficaria mais barato – eu não acho, mas acredito.
Vamos variar nosso cardápio pessoal, o povo já está cansado de comer tanta pizza de marmelo e nunca ver um final feliz para o nosso conto de fadas na terra do samba. E nesse ritmo seguem os jogos da COPA das COPAS, vamos então misturar tudo isso e assar um empadão, só não sei se vai nos dar indigestão no final das contas. Aliás, contas nós teremos para pagar por um longo período após esse carnaval fora de época, cujo enredo já está batido, assim como nossas carteiras. E se sobrar o frango das coxinhas em uma final histórica entre Brasil e Argentina, que tal assar uma empanada portenha ao invés de um empadão tupiniquim?