
Por: David Lorenzon Ferreira
Todos os anos, “atropelamos” o calendário anual para chegar rapidamente às festas natalinas e logo mais, ao frisson do Réveillon. Respiramos aliviados quando damos uma pausa nos feriados dos meses anteriores a dezembro e, que esses não caiam em finais de semana, sendo preferencialmente prolongados. Ano após ano, repetimos e representamos as tradições importadas de outras culturas, agregadas a algumas tradições bem tupiniquins oriundas de nossas origens bem caipiras, porém muito salutar.
A maratona singular e diária do ser humano consiste em trabalhar para acumular capital financeiro suficiente que possam ser trocados – que possa pagar – por coisas que a publicidade e propaganda de diversas empresas teimam em dizer que precisamos ter. Entretanto, necessitamos mais dos bens primários para sobreviver, comer e vestir – os bens supérfluos são necessidades secundárias; estar saudável e ter meios para realizar sonhos que quiçá se tornarão realidade no meio social ao qual fazemos parte ou para aquele ao qual almejamos muito pertencer um dia desses aí.
Um velho conto natalino, narra à visita – na calada da noite, de três fantasmas a um mesquinho e avarento ancião inglês – um patrão explorador de seu pobre funcionário, que após relembrar a alegria de seus natais passados, tem a chance de mudar o natal presente dele e de seu pobre funcionário, para que o seu natal futuro possa escapar do triste destino que o sepultará solitariamente em uma cova fria e sombria.
A oração é um portal muito eficaz para aqueles que desejam refletir sobre os eventos passados de sua própria vida e de/com todos àqueles com quem convivemos, estejam esses vivos ou mortos; pois ela invocará o Juiz perfeito e soberano para ponderar nossos erros e acertos, e Este sim, poderá nos julgar antes mesmo do temível veredito do juízo final. Desta forma poderemos reparar alguns erros ou ao menos amenizar determinadas ações jaz realizada por nossos velhos e repetitivos atos falhos.
Nesta época do ano, todos parecem ser mais bondosos e generosos uns com os outros. Talvez esse sentimento esteja maquiando muita tristeza e sofrimento atrás dos cacarecos que penduramos nas árvores de natal para espantar o que há de pior do mundo lá fora e principalmente para o que há de muito horrível dentro de cada um de nós.
O espírito de natal poderia permanecer em nosso meio social por tempo integral, reluzindo caridade material, afetiva e emocional, qualidades que poderiam integrar nossos princípios na vida cotidiana. Infelizmente, se olharmos com mais atenção para fora de nossa zona de conforto, veremos que muitas pessoas não estão felizes com o seu status quo, consequentemente com suas vidas e sem qualquer ajuda não poderão sair desse abismo profundo no qual elas se enfiaram, seja por mérito próprio ou pelo intermédio de uns e outros seres malignos que tem o prazer de empurrá-las cada vez mais para baixo rumo ao vale das sombras da morte.
Pães com frutas cristalizadas e nozes, peru assado, pernil defumado com mel, massas diversas, panetone ou chocotone – todos esses quitutes não preenchem o amargo vazio que a falta de um simples “olá, tudo bem?”, “sinto a sua falta”, “eu te amo”, “você é muito importante para todos nós”, possam alimentar a autoestima de qualquer pessoa fragilizada, principalmente nesta época do ano. Não há dúvidas que em outras datas comemorativas do nosso calendário anual, as pessoas não possam sentir fome do amor de um ente querido ou da amizade de uma pessoa amada. Mas é justamente nesta época do ano, onde todos nós queremos mesmo é fazer parte do cartão de natal na vida de pessoas que nos são tão caras, é neste período festivo do ano, diferente do carnaval, das festas juninas, das festas julinas ou mesmo das festas agostinhas, fora o Réveillon é claro, quando queremos plagiar a feliz ideia do sentimento vendido para todos nós de que Papai Noel realmente exista e que ele vai nos fazer feliz – pelo menos na manhã de Natal.
Tal sentimento de fatalidade física e emocional deve ser temido sim, mas apenas por todos aqueles e por tudo aquilo que deseje tornar o ser humano infeliz. O ser humano foi pensado para ser feliz em sociedade, seja ela qual for, de maneira igualitária; porém, se alguns milhares de nossos pares estão infelizes, tratemos de estender a mão para aqueles que precisam de pão físico e espiritual.
Como é que o coração de um ser humano pode estar plenamente feliz ao ver o seu irmão na contramão dos passos de Jesus Cristo? Yeshua conduziu-nos ao caminho do Pai Eterno, mas por que é que nos esquecemos disso diariamente? Pois é, se qualquer galalau se lembrar de orar apenas na noite da missa do galo, sua oração não tornará sua vida uma canja para o próximo ano. Dobrar os joelhos deve se tornar uma prática diária e feita de bom grado por agradecimento às benções recebidas por Deus.
Que haja fé entre todos nós, que pratiquemos caridade, oferecer ajuda a quem precisa de forma material, espiritual ou fraternal. Temos 365 dias todos os anos para nos amarmos uns aos outros como Jesus nos amou e não apenas uma noite por ano. Que na ceia de natal haja muita luz divina, plena de felicidade e reflexão para que o próximo ano seja mais generoso com todos nós. Que Assim Seja! Amém!







