O IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) de janeiro cresceu 1,24% – a maior alta desde 2003, quando o índice registrou 1,57%. No acumulado em 12 meses (até janeiro/15), o aumento dos preços chegou a 7,14%, indo além do teto previsto pelo Governo Federal de 4,5%, com margem de 2% para mais ou menos.
Segundo informações do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) a expansão da inflação no primeiro mês de 2015 está diretamente ligada ao aumento nos gastos com alimentação e bebidas (1,48%), habitação (2,42%) e transportes (1,83%), verificados após o anúncio, do Governo Federal, sobre o aumento de tributos em diversos produtos. Além disso, o acréscimo nas tarifas de energia em janeiro, após o início da bandeira tarifária, refletiu enfaticamente na alta do índice.
“O Governo tem sido duramente criticado por deixar a inflação girar acima do centro da meta por mais de quatro anos e a equipe econômica da atual gestão, encabeçada por Joaquim Levy (Fazenda), entrou o ano, anunciando ‘pacote de tributos’, que certamente contribui para elevação nos preços. Aliado a isso, o custo da energia, que passou a operar em regime de bandeiras tarifárias, ‘joga’ para o consumidor o custo extra do uso das termelétricas. Além do pacote de tributos, o contínuo aumento da taxa Selic até poderia ser justificado se a inflação fosse de demanda, mas ele é provocado por desequilíbrio nas contas do Governo e acredito que apenas vá agravar ainda mais a situação”, avalia Angelo Frias Neto, presidente da Acipi (Associação Comercial e Industrial de Piracicaba).
Ele completa: “certamente, a inflação em alta, no início do ano, deve refletir negativamente nos setores do comércio, indústria e serviços, já que o poder de compra do consumidor deve cair ainda mais. Como sempre, a sociedade como um todo sempre paga as contas das benesses concedidas pelo Governo e políticos. Pode ser imediatamente por meio do aumento de impostos, ou no futuro pela inflação”.
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Conta de luz pode ficar mais cara para setores no período da tarde
Por conta das mudanças na cobrança pelo consumo de energia elétrica no país, o Governo estuda a aplicação de uma medida que deve encarecer a conta de luz para comércio e indústria no fim da tarde.
Segundo informou à imprensa o ministro Eduardo Braga (Minas e Energia), o tema está sendo estudado há três semanas pela Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica), EPE (Empresa de Pesquisa Energética) e Secretaria de Energia do ministério.
Atualmente, indústria e comércio têm que lidar com preço diferenciado no horário de pico, considerado entre o período das 18h às 21h. Com a mudança no perfil de consumo e deslocamento do horário de pico para mais cedo, das 14h às 19h, o Governo quer que a tarifa mais cara seja aplicada também nesse intervalo.
A mudança ainda depende de uma regulamentação específica. “O empresariado deve estar atento aos desdobramentos desse anúncio, pois caso seja aprovada a nova medida trará ainda mais impactos para a atividade comercial das empresas”, avalia Frias Neto.