Durante as últimas gravações do “Programa Sílvio Santos”, o animador tem deixado bem claro que não quer mais críticas ao governo de Dilma Rousseff nas atrações do SBT (Sistema Brasileiro de Televisão). Em uma das ocasiões o apresentador foi bastante específico. “Se quiserem, vão falar na Globo” disse.
As ‘indiretas’ bem ‘diretas’ vem acontecendo depois do “The Noite”, programa apresentado por Danilo Gentilli, disparar diversas críticas contra a presidenta. A atração, depois que Jô Soares entrevistou Dilma, chegou a criou um quadro para debochar do governo do PT (Partido dos Trabalhadores), o “Garotas do Dan”. Após as primeiras palavras do animador, o diretor de Gentilli foi demitido, mas o humorista, por questões contratuais, não pode por enquanto ser retirado do ar. Nos bastidores dizem que a desculpa para demiti-lo é que ele não vinha conseguindo controlar Gentilli em seus ‘impulsos’. Em contra-partida o humorista já está de aviso prévio.
A jornalista Rachel Sheherazade, outra que faz duras críticas à diversos políticos na Rádio Jovem Pan e que comanda o “SBT Brasil” não emiti mais opiniões desde o ano passado quando partidos radicais do senado ameaçaram tirar a concessão do canal de Sílvio. A emissora alegava que um dia a jornalista voltaria a emitir opiniões e que um programa estava sendo planejado para ela, mas depois de renovar contrato esses dias com o canal, Sheherazade se comprometeu a se calar por mais um tempo, pelo menos na TV.
Semana retrasada o SBT foi alvo de notícias na imprensa que davam conta que a emissora, embora em segundo lugar no ibope, vem perdendo faturamento devido à pouca inovação e programas inéditos na grade. Boa parte do que é veiculado hoje pelo canal ou é ‘enlatado’ ou é reprise da reprise o que tem afastado os anunciantes quando não faz com que o preço dos anúncios sejam inferior à de outras atrações concorrentes com menos ibope, mas inéditos. Além disso tudo, a verba publicitária dada pelo governo ao canal para veicular campanhas diversas passam dos milhões e dada a situação financeira, perder esse ‘dinheirão’ todo por comentários de recém-chegados no SBT é o que Sílvio Santos não quer nenhum pouco.
Sílvio e Dilma se conhecem há bastante tempo. O apresentador quando quis vender 49% do Banco Panamericano para a Caixa Econômica Federal contou com a ajuda de Lula, presidente na época, e da sua braço direito, a atual presidenta. Eles voltaram a se encontrar anos depois quando um rombo de R$ 2,5 bilhões foi identificado no mesmo banco em uma ação comandada pelo Banco Central. Foi ela quem ajudou a achar uma solução para que o apresentador não perdesse todo o seu patrimônio, inclusive a rede de televisão. Sílvio não quer dar as costas para quem um dia lhe ajudou.
Não é de hoje que gravações de programas geram movimentos na direção do SBT. Dois anos atrás, por exemplo, o animador, irritado com uma situação de dividendos de lucros de produtos licenciados com os palhaços Patati e Patatá demitiu os dois quando recebiam o “Troféu Imprensa”. Cara a cara com os palhaços no palco, na frente dos jurados e da platéia, Sílvio Santos mandou chamar um diretor e ir na hora demitir os dois. O programa da dupla deixou no dia seguinte a grade do canal sem nenhum aviso prévio aos telespectadores.