Pelo menos 60% dos 11 mil alunos da Unimep (Universidade Metodista de Piracicaba) foram dispensados na noite desta quinta-feira (15), dia do professor, ao chegarem para terem aulas devido à falta de pagamentos de salários. Por outro lado, o protesto não foi aderido por todos os docentes.
Segundo Maria Thereza Miguel Peres, professora de economia e vice-presidente da Adunimep (Associação dos Docentes da Unimep), o movimento, além de comemorar o dia de hoje, manifesta a situação difícil que a universidade vem passando com a redução de investimentos em infraestrutura e agora também no atraso e parcelamento dos salários. “Nós convidamos os companheiros para se reunir para discutir a nossa situação, falar do momento crítico que a Unimep está passando e também a da educação no país” disse.
O movimento já havia acontecido no período diurno e alguns estudantes, já avisados da paralisação, não compareceram as aulas o que deixou o campus Taquaral quase que vazio.
Peres falou ao PiraNOT.com sobre o que pode estar agravando a crise na universidade. “O reflexo imediato está se dando, acredito, pela falta do pagamento do FIES [Fundo de Investimento Estudantil] onde as datas de depósitos não vêm sendo cumpridas pelo Governo Federal, e isso com certeza desequilibra o orçamento de uma instituição” disse.
A categoria, no entanto, vem conversando com a reitoria da Unimep sobre esses problemas. “Neste momento a categoria se encontra descontente, mas nós estamos conversando, buscando respostas sobre as dificuldades que ela está enfrentando” disse a vice-presidente que completa. “Nos momentos de crise geralmente esses diálogos entre os dois lados são difíceis. Nós temos neste momento interesses que estão sendo ameaçados e obrigações e direitos que não estão sendo cumpridos”.
Os professores da universidade reclamam que em julho a instituição atrasou em um mês o pagamento das férias dos docentes e neste mês, os salários foram divididos sendo que uma parte ainda não foi paga. “Os salários têm sido pagos com atrasos e parceladamente. Este mês nós recebemos uma parcela e depois recebemos uma segunda, mas ainda estamos aguardando o restante para integralizar o salário de todos” disse a vice-presidente.
A primeira parcela paga pela Unimep foi no valor de R$ 2,5 mil no começo do mês referente a setembro. Na semana passada a instituição chegou a depositar mais R$ 1,5 mil e na sexta-feira (09) soltou um comunicado que não teria fundos para quitar o restante para quem tivesse uma folha de pagamento superior a R$ 4 mil.
Não foi possível verificar quantos alunos não tiveram aulas. O PiraNOT.com tentou falar com a assessoria de imprensa da Unimep às 20h30, mas não obteve retorno. “Nós já podemos sentir uma diminuição grande na quantidade de alunos na universidade por causa dessa paralização e o mais positivo para nós não é a questão quantitativa, mas sim a qualidade das discussões.” diz Peres que fala ainda que “o movimento alcançou o objetivo pela qualidade das discussões e do apoio dos alunos”.
Uma greve geral não foi descartada pelo sindicato, mas isso deverá ser discutido em uma assembleia. “Vai depender agora da assembleia que vamos agendar com a categoria e a avaliação que os docentes vão encaminhar, mas não temos uma previsão, tudo vai depender do decorrer dos próximos 30 dias” disse a vice-presidente.
Sobre o apoio dos estudantes, Peres diz que tem recebido diversas manifestações. “Nós já tivemos associações de estudantes encaminhando mensagens de apoio para a Adunimep e isso para nós é muito importante”.
Em 2007 a universidade havia enfrentado uma grave crise onde chegou a abrir mão de diversos terrenos para pagar as dívidas. Alguns funcionários ouvidos pelo site lamentam que após oito anos o fantasma volte a rondar a Unimep.
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RECLAMAÇÕES ANTIGAS – A falta de equipamentos para laboratórios em jornalismo gera reclamações de estudantes e também de técnicos e professores que são obrigados a trabalhar com pouco materiais e objetos e alguns ainda, às vezes, velhos e sucateados. As reclamações vem se agravando desde o meio do segundo semestre de 2014. Na época, a instituição vinha cortando gastos e até pilhas para micro-fones, por exemplo, era algo complicado.
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