“A sua bênção, vô. Já posso me casar?”. Foi com essa frase que Juliana Rodrigues, de 26 anos, se viu pronta para ir à igreja para um dos momentos mais especiais de sua vida: o casamento. Mas ainda não estamos na igreja.
A história começou horas antes, na Santa Casa de Piracicaba, onde Milton Bueno, avô da noiva, estava internado há cinco meses, desde junho. Milton sofria de enfisema pulmonar, teve seis paradas cardíacas e chegou a entrar em coma. Forte e com muita bravura, sobreviveu a tudo isso.
“Ele era uma pessoa que torcia e vibrava por cada conquista minha”, diz a neta. “Todas as vezes que algo dava certo para mim, ele batia nas minhas costas e falava: ‘Eu tenho muito orgulho de você, parabéns’.”
Por isso, avô e neta criaram um forte laço de convivência. E agora, o dia da mais importante realização da neta, nada mais natural que ela fosse até ele, no hospital, para pedir a bênção.
“Pelo respeito e consideração que tenho por ele, se eu não fizesse isso meu casamento estaria incompleto”, afirma.
Isso tudo ocorreu na terça-feira passada (14).
A importância da família para o casamento
O casamento é um momento inesquecível na vida da noiva, por isso tudo tinha de ser perfeito.
“Eu sonhava com ele entrando na igreja comigo; ele e meu pai, um de cada lado. Esse foi meu plano desde o começo”, diz Juliana. “Mas infelizmente não dá, porque ele não está bem.”
Embora debilitado, o senhor Milton está consciente. Seus olhos provam que ele sabe tudo o que está acontecendo ao redor.
A emoção é forte, mas Juliana se controla bem. O mesmo acontece com o seu avô, que já havia sido avisado pelas enfermeiras que a neta apareceria.
“É impossível falar o significado do meu avô. Ele é um guerreiro não só na doença, mas assim o foi por toda sua vida”, conta Juliana ao PIRANOT. “Pensar nele é pensar num homem íntegro, sincero, forte e brincalhão.”
Mas a história estava longe de acabar ali no hospital. Por volta das 20h30 – horário em que o casamento estava marcado –, Juliana se despede do avô e parte rumo à igreja.
Desfecho
A história de Juliana emocionou todos que estavam ali presentes, e sem grande dificuldade, reforçou ainda mais a importância e o valor da família.
“O que eu falo hoje, não só aos jovens, mas à humanidade como um todo, é para nos importarmos mais com as pessoas e valorizarmos mais o amor. O amor é a única coisa que vale a pena”, diz ela. “Sempre que pude, tive a oportunidade de falar para ele o quanto o amava e o quão grata eu era pelo avô que tinha.”
O casamento de Juliana correu super bem. No dia seguinte, Milton Bueno faleceu perdendo a batalha para uma doença terrível.
“Meu coração ficou em paz, pois já tinha visto meu avô e isso me deixava feliz. Consegui mostrar para ele que, mesmo ele não indo à igreja, eu iria até ele. No fim, entrei na igreja com meu irmão e meu pai; meu irmão entrou representando meu avô.”