Pesquisadores da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (ESALQ) descobriram indícios de fraude na extração de espécies madeireiras de alto valor pela Floresta Amazônica. O trabalho foi publicado na revista americana Science Advances.
A conclusão veio após eles encontrarem discrepâncias consideráveis entre volumes estimados de madeira do inventário florestal nacional do Brasil (RADAM) e os volumes de licenças de corte como indicador de possíveis fraudes na indústria madeireira na Amazônia oriental.
A extração ilegal de madeira é um problema. Esforços recentes de regulamentação melhoraram a detecção de algumas formas de extração ilegal de madeira, porém são vulneráveis a métodos mais sutis que mascaram a origem da madeira ilegal.
Os pesquisadores reuniram 427 autorizações válidas de exploração — AUTEF (Autorização de Exploração Florestal) — todas emitidas entre os anos de 2012 e 2017 e disponibilizadas no Sistema Integrado de Monitoramento e Licenciamento Ambiental (Silam) da Secretaria do Meio Ambiente do Pará. Eles ainda observaram 426 parcelas do RADAM, de um hectare, considerando árvores com DAP (diâmetro na altura do peito) maior que 50 centímetros.
“Encontramos um forte viés de superestimação de volumes de espécies madeireiras de alto valor em licenças de exploração madeireira”, diz o estudo. “Avaliações de campo confirmaram indícios de fraudes para as mais valiosas espécies com objetivo de gerar um excedente de madeira licenciada que possa ser usada para legalizar madeira proveniente da extração ilegal”.
Soluções
A questão preocupa, porém o estudo aponta possíveis soluções. Pesquisadores comentam que para conservar espécies madeireiras da Amazônia é necessário, por exemplo, modernizar as licenças de exploração. É também necessário um envolvimento maior de todas as partes interessadas.
“Sem um esforço sério para abordar esta questão em larga escala, a degradação das florestas da Amazônia continuará. Portanto, defendemos mudanças no sistema de comando e controle do licenciamento e de auditorias das áreas de exploração para evitar a superexploração de espécies madeireiras da Amazônia e a degradação florestal generalizada associada à extração ilegal de madeira”, finalizam os pesquisadores.