A Polícia Civil de Rio Claro (SP) resgatou sete pessoas em situação análoga a de escravidão, no distrito de Itapé, nesta quinta-feira (15). Duas delas têm deficiência mental. Eles trabalhavam sem receber salário e dormiam em quarto precário, segundo o boletim de ocorrência.
O pastor de 56 anos, que mantinha as vítimas nessas condições, foi preso em flagrante e vai passar por audiência de custódia hoje (16). Segundo a defesa, ele nega as acusações e somente irá se manifestar em juízo.
Os policiais foram até a casa após o Ministério Público do Estado de São Paulo (MP-SP) informá-los que havia uma antiga clínica de reabilitação, no bairro Alta Cajamara, que mantinha diversas pessoas em situação degradante.
No local, conhecido como ‘Casa da Paz’, os policiais foram recebidos pelo pastor, que alegou que o centro de reabilitação não funcionava mais, porém alguns dos antigos internos ainda moravam ali pois teriam sido abandonados por seus familiares.
Ele também informou que trabalhava com reciclagem e essas pessoas apenas auxiliavam nos serviços do sítio. As vítimas desmentiram os fatos ditos pelo pastor.
Segundo a polícia, uma vistoria constatou que o dormitório dos residentes foi classificado como inabitável, já que o cômodo não possuí ventilação, as camas ficam amontoadas e algumas sem colchões, além de ter apenas um banheiro em péssimas condições.
Os residentes estavam com medo de contar o que acontecia e sempre olhavam para os lados, apontando com o olhar para acusado, informou o Boletim de Ocorrência.
Por conta do medo, cinco deles foram levados até a delegacia e, separados do pastor, eles contaram que trabalhavam desde o amanhecer até o anoitecer e não recebiam nenhuma remuneração. Apenas tinham comida de qualidade ruim e um local para dormir. Uma das vítimas, a mais idosa e debilitada, disse à polícia que muitas vezes dormiu sentada em uma cadeira.
Os residentes também disseram que eram impedidos de sair do local e de manter comunicação com os familiares. Além disso, tinham que entregar os documentos ao pastor, que se dizia responsável pelo local.
O homem foi preso em flagrante por manter as vítimas em condição análoga a de trabalho escravo e encaminhado à cadeia local.
Representantes do Centro de Referência Especializado de Assistência Social (Creas) e do Centro de Atenção Psicossocial (Caps) foram chamados para dar auxílio às vítimas.
A perícia foi acionada e compareceu ao sítio para constatar a situação em que as vítimas eram mantidas. As setes pessoas devem passar por exame de corpo de delito no Instituto Médico Legal (IML).
*** Com informações do Grupo Rio Claro e G1