A Globo e a Record podem ter colocado fim na guerra que mantinham há décadas e firmaram um acordo que até alguns anos atrás era impensável. Isso ocorre após a parceria com o SBT e a Globo acabar com um comentário de Patrícia Abravanel criticando a nova logomarca da concorrente que, na época, era anunciante do canal do pai. A Globo não deixou barato, rompeu com o SBT e a chamou de lixão em um comercial de “Maria do Bairro”.
Segundo o jornalista Alessandro Lo-Bianco, do programa de Sônia Abrão, na Rede TV!, a Globo passou a comprar produtos da então rival para o Globoplay. A primeira produção comprada é o filme “Os 10 Mandamentos”, porém a emissora da família Marinho quer mais e negociou a compra de novelas bíblicas.
O acordo começou a ser negociado com a Casa Blanca, produtora argentina que produz a dramaturgia da Record. A emissora do Bispo Macedo gostou do acordo e, por sua vez, negociou a compra de filmes da Globo Filmes em troca total ou parcial de novelas bíblicas. Os títulos comprados ou trocados entre elas não foram divulgados ainda, mas no caso da Record, os filmes serão exibidos na TV aberta.
O filme “Os 10 Mandamentos” já está disponível no Globoplay. A Globo lançará uma categoria no seu aplicativo voltada ao público evangélico. Nela estarão as novelas compradas da Record.
Nova TV a cabo
O Globoplay é o futuro da TV paga (a cabo). Há mais de dois anos, o aplicativo já tem canais ao vivo e está preparado para enfrentar a crise do setor. Hoje, o Globoplay tem 17 milhões de assinantes anuais. A Netflix tem 19 milhões mensais, sem contrato fixo, como o concorrente global que foca na venda de planos bianuais. Ou seja, o cliente paga um ano e ganha outro. A estratégia da Globo acaba evitando o cancelamento, pois a cobrança no cartão do cliente é uma única vez de R$ 238,80, que é a soma de 12 meses de R$ 19,90, mas é debitado inteiro.
Quando o cliente assina o Globoplay e paga o valor ele tem dois anos para usar. Com isso, a Globo não perde este cliente por 24 meses e evita a estratégia dos usuários de assinar um mês um aplicativo, maratona o que gosta, cancela e assina outro onde faz a mesma coisa.
A maioria das assinaturas ocorre em janeiro, por causa do “Big Brother Brasil”, que fica no ar cerca de quatro meses. Se o cliente quiser cancelar depois que o reality acaba, terá que perder tempo para cancelar algo que, sem multa de cancelamento, daria um estorno inferior a R$ 150. Neste ponto, a preguiça ajuda a Globo. Esta é a base do modelo atual de negócio do Globoplay.
Neste ano, o Grupo Globo destinou um investimento de R$ 700 milhões no aplicativo que ainda não tem dado lucro, mas é o futuro que já começou.
SBT perdeu
O SBT estava mantendo com o Globoplay uma relação íntima. A Globo estava comprando comerciais no SBT. A parceria estava crescendo até que Patrícia Abravanel passou a criticar a concorrente.
O vínculo comercial entre Globo e SBT assustava. O locutor da emissora carioca brincava de que o telespectador não tinha errado de canal, estava no SBT, mas aquele era um comercial da concorrência. Os primeiros comerciais veiculados na emissora de Silvio Santos foram do seriado “Hebe”. Assista:
A parceria cresceu em poucas semanas e o mais caro dos produtos era comprado: mershandising. Para lançar “Marimar”, a Globo comprou três minutos no SBT. Os apresentadores tiraram uma onda com o fato. Assista:
Após as críticas de Patrícia contra a Globo, a parceria comercial acabou e o público viu isso na chamada de lançamento de “Maria do Bairro” no Globoplay. Na chamada, a Globo chamou o SBT de “lixão”. Assista:
Ao que tudo indica, veremos nos próximos dias comerciais da Globo na Record, afinal tem lugar melhor para divulgar o filme evangélico comprado? Como seria isso? E mais, quantos zeros terá esse contrato de publicidade na Record? Veremos em breve!