ARCABOUÇO FISCAL APROVADO
O mercado terminou o dia de ontem bastante animado com a perspectiva da aprovação do novo marco fiscal, que seria votado pela Câmara. O texto que foi analisado e reformado pelo Senado, retornou à casa para ser convalidado pelos deputados, que descartaram a maior parte das alterações, mantendo apenas duas, com destaque para aquela que mantém o FUNDEB fora do teto de gastos. O novo texto substitui o teto de gastos entregue pelo governo Temer, uma âncora fiscal, que nada mais é, do que a garantia que o governo não crescerá sua dívida além de um limite pré estabelecido. Surpreendentemente, o texto contou com a aprovação de bolsonaristas aguerridos como Bia Kicis (PL). O novo arcabouço permite que o governo tenha maior flexibilidade para investir, sem perder a garantia ao mercado de manutenção das contas públicas num patamar estável.
AJUDANTE DE ORDENS CONFESSA E ADVOGADO DE BOLSONARO FALA DEMAIS
A vida do ajudante de ordens Mauro Cid, foi significativamente dificultada quando a PF encontrou contundentes provas de sua participação no esquema de venda de presentes milionários do ditador árabe ao ex -presidente Bolsonaro. Na mesma semana, ele viu aparecerem não apenas um rol bastante robusto de evidências de sua participação, como a exposição de seu pai como partícipe da trama, com direito a uma constrangedora foto no anúncio de uma das peças. Não demorou muito para a PF solicitar a quebra de sigilo de todos envolvidos, o que fez Mauro Cid correr para confessar que realmente realizou a venda de um dos relógios, mas que apenas cumpria ordens de Bolsonaro. Dificilmente a PF negociará uma delação sobre fatos já fartamente documentados, mas a quebra de sigilo de Bolsonaro e de todos em seu entorno, pode dar início a uma sequência de escândalos de grande impacto. O mundo político é incapaz de prever o que está por vir.
AJUDANTE DE ORDENS CONFESSA E ADVOGADO DE BOLSONARO FALA DEMAIS 2
Frederick Wassef, aquele que foi pego escondendo o famoso Queiroz, não demorou muito para piorar um pouco mais a situação, após conceder voluntariamente três entrevistas com versões completamente diferentes entre si. Na última versão, após ser confrontado com um recibo de recompra em seu nome, emitido logo após a imprensa divulgar a existência do Rolex, o advogado confessa que foi buscá-lo para devolver ao Estado brasileiro, por livre e espontânea vontade. Resta saber como, sem receber ordem alguma, ele sabia exatamente qual era a casa de leilão que o relógio havia sido deixado. A polícia federal brasileira realizou um pedido de colaboração com o FBI e está apenas aguardando autorização para enviar uma equipe aos EUA, para esquadrinhar todas as contas e possíveis transações realizadas pelo grupo. O que, mais uma vez, pode abrir inúmeras outras frentes de investigação.
BOLSONARO CADA VEZ MAIS EMPAREDADO PELA POLÍCIA FEDERAL
Bolsonaro é, talvez, o líder de direita mais popular que a política brasileira já produziu e isso é algo que deve ser ressaltado como um feito espetacular, uma vez que tradicionalmente, as massas vêem na esquerda a representação e defesa de seus direitos econômicos. Além de uma tempestade quase perfeita, onde o mundo inteiro viu fenômenos parecidos irromperem ao mesmo tempo, há uma notória habilidade em se fazer parecer humilde, apesar da realidade demonstrar o gosto por luxos bem distantes da realidade da maioria dos brasileiros e de uma histórico de trabalho oposto ao das exaustivas jornadas que a classe trabalhadora enfrenta diariamente. Apesar disso, Bolsonaro dificilmente terá uma vida fácil após deixar a presidência. Há indícios fortes de cometimentos de crimes e a abertura dos sigilos dele e de seu entorno, pode fornecer tantas frentes de investigação, quanto existiram na Lava Jato. Alexandre de Moraes, seu maior algoz, dificilmente cometerá o erro de prendê-lo, antes de alinhavar minuciosamente as condições para tal. É possível também que se espere a indicação do novo PGR (Procurador Geral da República). Outro fator dificultador de uma prisão às pressas é que Bolsonaro já disse que não irá sozinho. E a pressão dos agentes que estiveram com ele, pode pesar significativamente, se não houver uma sensação de segurança institucional.
PESQUISA ELEITORAL PARA PREFEITO DE PIRACICABA
A primeira sondagem realizada pelo Instituto Paraná Pesquisas para o pleito eleitoral municipal trouxe uma significativa vantagem do ex -prefeito Barjas Negri (PSDB) frente aos demais adversários (47%), com uma distância de mais de 30 p.p do segundo colocado, Paulo Campos (Podemos). O atual prefeito Luciano Almeida (PP) aparece na sétima posição, em um grupo onde os demais postulantes estão significativamente próximos em marcas que não ultrapassam os 10% de intenção de votos. A pesquisa, embora indique um favoritismo inquestionável do candidato tucano e uma rejeição significativa do atual prefeito, ainda pode indicar no futuro um cenário bastante diferente, já que mais de 70% dos entrevistados dizem não saber ainda qual será seu escolhido.
SERIA A HORA DA DIREITA SE REINVENTAR?
Movimentos de extrema direita não são uma invenção brasileira. Irromperam mundo afora depois da globalização retirar empregos da classe média nos Países ricos, levando-os para países asiáticos, deixando uma massa de trabalhadores brancos, que sempre tiveram renda média alta, apesar da baixa escolaridade, sem perspectiva futura, saudosistas de uma era no imediato pós guerra, na qual a desigualdade se reduzia a olhos vistos e uma vida digna e confortável exigia menores esforços. Aos poucos, especialmente após a crise européia de 2008, discursos extremistas voltaram a seduzir países que pareciam ter uma democracia sólida e estável. O primeiro grande sintoma disso foi o Brexit (saída da Grã Bretanha da zona do Euro), que inaugurou a trágica combinação de desinformação em massa com discurso populista, xenófobo e extremista. Não demorou para a mesma fórmula ser replicada em vários outros lugares, com resultados democraticamente trágicos por onde passou.
SERIA A HORA DA DIREITA SE REINVENTAR? 2
Obviamente, países como o Brasil, possuem realidade econômica e social bastante diversa da européia e norteamericana, mas guardam, ainda assim, ambiente propício e fértil ao engajamento que a desinformação produz (o eleitor sempre estará mais motivado, se imaginar que por trás de um voto, há uma luta do bem contra o mal). Não demorou para a estratégia ser rapidamente replicada no Brasil pós 2013, que tinha uma crise econômica e política que permitia florescer tais práticas. Entretanto, assim como nas economias centrais, tal fenômeno ocorre a um custo social muito grande, uma divisão entre famílias e na sociedade como um todo, ainda maior. E, por mais que o extremismo produza bons resultados eleitorais num primeiro momento, se sustenta sobre uma profunda quebra de regras e acordos sociais, que depois cobrarão sua conta. Chegará a hora que o desgaste será tão grande, que ninguém mais aguentará o discurso cansativo e agressivo do extremismo. O brasileiro também gosta de sorrir e confraternizar com quem pensa diferente, e aqueles da direita, que primeiro oferecerem uma opção política de apelo social, conservador, mas que também ofereça uma discordância menos agressiva e mais consensual, poderá sair muito na frente.
Até semana que vem, caros eleitores!
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