Em uma decisão histórica aprovada pelo Papa Francisco, o Vaticano anunciou nesta segunda-feira (18), que os padres católicos romanos têm permissão para administrar bênçãos a casais do mesmo sexo, desde que essas bênçãos não façam parte de rituais ou liturgias regulares da Igreja. Além do casamento ainda seguir proíbido, os LGBTQIA+ também ainda não podem receber a comunhão nas missas.
O documento, emitido pelo escritório doutrinário do Vaticano, representa uma reversão significativa em relação a uma declaração anterior feita em 2021. A nova diretriz destaca que essas bênçãos não legitimariam situações irregulares, mas serviriam como um sinal de que Deus acolhe a todos.
No entanto, é enfatizado que essa bênção não deve ser confundida com o sacramento do casamento heterossexual. Os padres foram orientados a decidir caso a caso e encorajados a não impedir a proximidade da Igreja às pessoas em todas as situações em que buscam a ajuda de Deus através de uma simples bênção.
O Papa Francisco indicou em outubro a iminência de uma mudança oficial sobre o assunto, em resposta a questões apresentadas por cardeais conservadores no início de um sínodo de bispos no Vaticano.
O documento, intitulado “Sobre o significado pastoral das bênçãos,” detalha especificamente as situações relacionadas a casais em uniões do mesmo sexo, marcando um avanço claro na posição da Igreja em relação à comunidade LGBTQIA+.
A Igreja Católica ensina que a atração pelo mesmo sexo não é pecaminosa, mas os atos homossexuais são. O Papa Francisco, desde sua eleição em 2013, tem buscado tornar a Igreja mais acolhedora às pessoas LGBTQIA+, mantendo a doutrina moral da instituição.
O Padre James Martin, um proeminente padre jesuíta americano que ministra à comunidade LGBT, elogiou o documento como “um grande passo em frente no ministério da Igreja” para essa comunidade. Ele destacou que o documento reconhece o desejo profundo de muitos casais católicos do mesmo sexo pela presença de Deus em suas relações amorosas.
No entanto, é esperada oposição dos conservadores, que criticaram o Papa quando ele fez os primeiros comentários sobre o assunto em outubro. Alguns expressaram preocupação de que a nova orientação possa levar a mal-entendidos e semear confusão, e até mesmo provocar um cisma na Igreja.
O documento, intitulado “Fiducia Supplicans” (Suplicante de Confiança) em latim, destaca que a forma da bênção não deve ser ritualmente fixada pelas autoridades eclesiais para evitar confusão com a bênção própria do Sacramento do Matrimônio. Deve ser aplicada àqueles que não reivindicam legitimação, mas buscam enriquecer suas vidas e relações pela presença do Espírito Santo.
A decisão foi assinada pelo cardeal Victor Manuel Fernandez, chefe do Dicastério para a Doutrina da Fé do Vaticano, e aprovada pelo papa em uma audiência privada nesta segunda-feira.