A nota e a postura do perfil Choquei no Instagram, com mais de 21 milhões de seguidores, em resposta à polêmica postagem de prints de uma suposta “paquera” do humorista digital Whindersson Nunes, podem ter marcado o início de um novo capítulo jurídico ao afirmar que produz “conteúdo” e, portanto, não é uma “notícia”. Em consequência, não faz sentido chamar algo de “fake news”, já que não se enquadra nesse debate, além de ter apenas repostado de um perfil que repostou de uma amiga que vazou o print que a amiga tinha lhe enviado. E, repostar, não é gerar conteúdo.
Como o PIRANOT publicou neste domingo (24), uma jovem mineira se suicidou após entrar em depressão profunda ao ter supostos prints divulgados. Nestes prints, há uma suposta conversa dela com Whindersson. Internautas não teriam gostado da moça, chegando a cogitar que ela seria “interesseira”, passando a “defender” o rapaz que tem 28 anos e 59,7 milhões de seguidores no Instagram, 44,4 milhões no YouTube, 11 milhões no Facebook, 22,3 milhões no TikTok, 27,9 milhões no Twitter, além de outras redes menores. São, só nessas, cerca de 150 milhões de seguidores. Para ter uma noção, o Brasil tem cerca de 211 milhões de habitantes. É importante lembrar que esse número não representa pessoas, mas sim seguidores somados em várias plataformas, as citadas acima, portanto, há fãs que seguem em todas, algumas, ou apenas uma delas, por exemplo.
De novo e de novo: até quando fãs de Whindersson seguirão “sem controle”?
Não é a primeira vez que seguidores saem em defesa do humorista. Desde o fim do casamento dele com a cantora Luísa Sonza, ambos entraram em uma depressão grave devido à “guerra” promovida pelos fãs. Sobrou para o então namorado dela, na época Vitão, que também entrou em uma crise de identidade, passando a se vestir com peças femininas. Em seguida, a família confirmou um estado de depressão, anunciando a saída dele das redes sociais para se cuidar.
A polêmica piorou e reacendeu quando Nunes engravidou sua então nova namorada. Por motivos pouco revelados, no meio de tudo que estava acontecendo, o bebê que a nova namorada do humorista esperava nasceu prematuro e morreu. Luísa passou a ser culpada pelos fãs dele pela situação. Com medo de Luísa cometer suicídio, a equipe dela e família deram uma longa entrevista ao “Fantástico”, revelando a grave crise emocional, depressiva e de crises de pânico que a cantora estava passando.
Diante de tudo, Whindersson anunciou que também estaria se afastando das redes sociais, confessou que também estava enfrentando um quadro grave de depressão e voltou a aparecer recentemente, quando, novamente, uma nova grande polêmica o abraça. Conforme dito no artigo de opinião publicado mais cedo, o humorista pode, diferente de outros que trabalham com a internet, ter dificuldades de controlar seus fãs e a relação deles consigo, impondo limites e adotando ações, mas as situações graves começam a “soar” como uma “cumplicidade” pela falta de ação dele.
Whindersson negou, assim como a jovem que se suicidou, que eles não tiveram ou tinham algo, mas não foi o suficiente. A mãe da jovem foi pessoalmente nas redes sociais nos últimos dias, pediu que os ataques contra a moça parassem, mas também não foi o suficiente. Ela se suicidou na sexta-feira (22).
Notícia não, conteúdo repostado por terceiro e repostado de novo
A nota e postura da Choquei, como dito, ao marcar posição como não veiculadora ou geradora de notícia, a impedem de responder jornalisticamente pelo que postou. Ela alega que repostou uma imagem que estava sendo compartilhada pelo WhatsApp e que não tem responsabilidade sobre quem gerou, como gerou e quem iniciou o compartilhamento.
A nota também destaca que não há conteúdo gerado, o que é verdade. O único conteúdo na postagem é a opinião e análise dos seguidores do perfil. A Choquei afirma que o fato dela repostar a imagem do print e manter o conteúdo gerado nos comentários pelos seguidores dele são “liberdade de expressão” e, que, também, não pode assumir responsabilidade jurídica por conteúdo gerado por terceiros, incluindo comentários, análises e opiniões do seu público.
O jogo mudou STF: post na social é conteúdo e não fake-news?
Nos últimos meses, o Supremo Tribunal Federal avançou e, ao condenar os primeiros golpistas do dia 8 de janeiro, não só iniciou a criação de uma jurisprudência sobre o crime de “fake news”, como a tipificação do crime, ou seja, o que ele é, como consiste e etc. Mas, lembra? A Choquei não gera jornalismo. O máximo é “conteúdo”, que são sempre “repostes”, ou seja, re-compartilhamentos de outros. Isso marca uma posição de defesa e, cá entre nós, é bastante interessante e merece aplausos. É boa! Já a sociedade deve se agarrar nas orações para nunca virar um “re-compartilhamento”.