
Receber o diagnóstico de Linfoma de Hodgkin aos 24 anos não foi nada fácil para Julia Mazzero. Em agosto de 2023, quando ela sentiu que seu pescoço estava inchado resolveu, a pedido de sua chefe, procurar um médico. Foram meses de insegurança, medo, mas também de muita fé e da certeza que iria vencer essa ‘prova’. Após cinco meses, muitos exames, consultas e 12 quimioterapias, ela recebeu o diagnóstico de cura. Nesta segunda-feira (12), ela fez a última quimioterapia no Hospital Santa Isabel, na Santa Casa de Piracicaba, e a equipe de enfermagem preparou uma festa surpresa para ela.
Era mais um dia comum na vida dessa jovem que sempre teve uma vaidade imensa com seus cachos ruivos, cor que escolheu adotar desde os 15 anos de idade e, desde então, nunca mais deixou de pintar os cabelos. Semanas antes de receber o diagnóstico, havia investido em um mega hair para deixar as madeixas ainda mais volumosas, no entanto, ao chegar no trabalho sua chefe havia notado que o pescoço dela estava inchado e pediu que ela desse meia volta e fosse ao médico. “Senti que estava inchado, mas nem ia ao médico. Só vim ao pronto atendimento porque minha chefe pediu”, disse.
Ao chegar na Santa Casa a médica pediu vários exames e a encaminhou para um especialista. O caminho para o diagnóstico não foi fácil, especialmente considerando as circunstâncias pessoais de Julia na época. Enquanto lidava com sua própria batalha contra o câncer, sua mãe estava ocupada cuidando de sua avó gravemente doente. A notícia devastadora do diagnóstico de Linfoma de Hodgkin veio logo após o falecimento de sua avó, mergulhando Julia em um turbilhão de emoções
“Eu estava fazendo todo esse processo sozinha, médicos, exames, pois minha mãe estava com a minha avó internada, muito doente. Enterramos minha avó num domingo e soubemos do meu diagnóstico na segunda-feira seguinte”, disse Julia. “Meu mundo caiu, não conseguia processar tudo o que estava acontecendo, me lembro de ter apagado no consultório”, disse Valquíria Mazzero, mãe de Julia.
O tratamento do Linfoma de Hodgkin trouxe consigo desafios físicos e emocionais à Julia. Um dos momentos mais difíceis foi quando ela teve que enfrentar a perda de seu cabelo devido à quimioterapia. Contudo, esse foi também um momento de união e apoio incondicional, evidenciado pelo gesto tocante de seu pai e namorado, que decidiram raspar suas próprias cabeças em solidariedade a Julia. Esse ato de amor e compaixão trouxe conforto em meio à adversidade, fortalecendo o vínculo entre eles. “Aqui eu tive a máxima convicção que minha família e meu namorado estavam ainda mais conectados comigo, me dando amor e segurança para seguir”, disse com os olhos marejados.
Hoje, cinco meses depois do início do tratamento, Julia celebra o sucesso de seu progresso médico. Suas madeixas começaram as crescer, dessa vez, ao natural ainda, os cabelos castanhos crescem ainda mais fortes para dar início a segunda etapa do tratamento que serão as sessões de radioterapia. “Minha maior alegria foi refazer o exame de petscam e ver que meu corpo não tinha mais nenhum nódulo, estou muito feliz e grata a Deus e aos anjos que ele enviou e que cuidaram de mim desde o início”, declarou Julia emocionada. A primeira etapa foi vencida, agora começam as radioterapias, e Julia se declara uma vitoriosa.