O cenário político em Piracicaba ‘balançou’ com a retirada do apoio da Assembleia de Deus Madureira ao ex-prefeito Barjas Negri (PSDB), que está concorrendo a um quarto mandato. A decisão da igreja, liderada pelo pastor Dilmo dos Santos, veio após uma “ansiosa” e “longa” espera de empresários e políticos, de todos os partidos, pela escolha do vice-prefeito na chapa de Barjas, devido o histórico jurídico do candidato. Por tradição recente, evangélicos votam ‘unidos’ e tem conquistado poder perante a política.
A escolha de André Augusti, presidente do MDB, como vice-prefeito na chapa de Barjas, foi resultado de articulações políticas que envolveram conversas diretas entre Barjas e o ex-presidente Michel Temer, que assumiu o país no impeachment de Dilma Rousseff (PT). O MDB de Piracicaba, a pedido de Temer, aceitou compor a chapa com Barjas, mas passou a pedir o cargo de vice-prefeito. Geraldo Alckmin, amigo de Barjas, tentou convencer o PSB local como Temer, mas ao ser questionado por lideranças da cidade se estava “impondo o pedido” e ser informado que o mesmo “seria acatado, por sua ordem”, o vice-presidente do Brasil recuou. É esperado que Alckmin apareça na campanha de Barjas, mas o partido com seu tempo de TV, rádio e recursos partidários, serão da coligação “Piracicaba grande outra vez”, de Zanatta e Doutor Pacheco, do PSD.
Crises
A primeira grande crise interna da campanha de Barjas foi quando o MDB Piracicaba teria exigido o cargo de vice-prefeito e dado 24h para Barjas se posicionar. Na época, a assessoria de Barjas disse desconhecer o assunto. O MDB não desmentiu e, na nota assinada por Augusti, reafirmou o apoio a Barjas, 12h depois do plantão do PIRANOT. Recebemos a mesma nota, primeiro, da assessoria do ex-prefeito, mas também do agora candidato a vice-prefeito.
A decisão da Assembleia de Deus Madureira de retirar seu apoio é a segunda crise significativa para a campanha de Barjas. O pastor Dilmo dos Santos teria se decidido após a escolha do vice-prefeito não ter ocorrido em consulta a igreja. A mudança de apoio para Helinho Zanatta (PSD) reflete, publicamente, segundo o líder religioso, um desejo de renovação na política local.
“Acreditamos que deve haver uma mudança na atual política, desgastada ao longo de anos, com ciclos de lideranças que impedem o surgimento de caminhos mais prósperos para a cidade, e o candidato Helinho, na nossa visão, é quem melhor representa esta renovação,” afirmou Dilmo dos Santos.
Desafios para a Campanha de Barjas
O PSDB, atualmente enfraquecido, tem pouco tempo de rádio e TV, além de um fundo partidário limitado. Barjas Negri, apesar de liderar nas pesquisas, enfrenta um desafio considerável para assegurar a vitória. Sua campanha deve focar nas conquistas do passado e na experiência, de sucesso inquestionável e louvável, para atrair votos.
Cálculos políticos sugerem que Barjas deve terminar com cerca de 30% dos votos o primeiro turno e ir para o segundo, como ocorreu na eleição anterior contra Luciano Almeida (PP). Os cálculos projetam uma possível nova derrota no segundo turno. Apoiadores de Barjas começam a campanha “Barjas no primeiro turno”, afim de evitar isso.