Depois de um hiato de seis anos, a NBA e a China estão retomando suas relações esportivas. A liga norte-americana de basquete assinou um acordo para realizar jogos de pré-temporada em Macau a partir de 2025. Para os fãs que acompanham os palpites NBA hoje, a notícia reacende o interesse em um dos maiores mercados internacionais da modalidade.
Uma relação interrompida em 2019
A interrupção da parceria entre a NBA e o mercado chinês aconteceu em 2019, após declarações de Daryl Morey, então gerente geral do Houston Rockets, que apoiou os protestos contrários ao governo da China em Hong Kong. Uma mensagem no Twitter gerou uma forte reação do governo chinês, que suspendeu transmissões da liga e cancelou contratos de patrocínio. Apesar de a NBA defender o direito de expressão de seus dirigentes, o impacto financeiro foi multimilionário, marcando uma fase difícil para a liga no país.
Agora, com um novo acordo em mãos, a NBA busca retomar sua posição de destaque no mercado chinês. As primeiras partidas estão programadas para outubro de 2025 e contarão com Brooklyn Nets e Phoenix Suns, que se enfrentarão na Arena Venetian, em Macau.
Palco estratégico
Escolhida como sede dos jogos, Macau é conhecida como a “Las Vegas da Ásia” devido à sua forte indústria de cassinos e turismo de luxo. Com o status de região administrativa especial, a cidade oferece um ambiente favorável para eventos internacionais e investimentos estrangeiros. A Arena Venetian, palco dos jogos, é parte do imponente complexo de cassinos ligado ao grupo empresarial da família Adelson, proprietária do Dallas Mavericks, vice-campeão da NBA.
Essa escolha não foi aleatória. Além do apelo turístico e econômico, Macau apresenta um cenário mais neutro politicamente, o que pode contribuir para evitar atritos semelhantes aos de 2019. O acordo prevê dois jogos de pré-temporada anuais na cidade pelos próximos cinco anos, fortalecendo o papel da região como um ponto estratégico para a expansão da NBA na Ásia.
Um elo chamado Joe Tsai
Joe Tsai, dono do Brooklyn Nets e executivo do Alibaba, desempenhou um papel crucial na reaproximação entre a NBA e a China. Em fevereiro de 2024, Tsai afirmou que as tensões de 2019 estavam no “passado distante” e expressou o desejo de trazer os jogos da liga de volta à região. Sua influência no mercado asiático foi determinante para superar os desafios das negociações e selar o novo acordo.
Além disso, Tsai representa um exemplo de como a NBA busca equilibrar interesses comerciais e políticos. Ele atuou como um mediador, conectando as duas partes e abrindo caminho para o retorno da liga ao mercado chinês.
Desafios pela frente
Embora o acordo seja um passo positivo, ele não está livre de desafios. A retomada dos jogos ocorre em um momento de possível tensão entre Estados Unidos e China, com Donald Trump, presidente eleito dos Estados Unidos, prometendo medidas econômicas mais rígidas contra produtos estrangeiros. Esse cenário pode impactar as relações comerciais e a expansão da NBA no país.
Paixão sem fronteiras
A NBA aposta em sua base de fãs chinesa, que possui milhões de pessoas, para consolidar sua presença no mercado. Desde 2004, a liga realizou 28 jogos de pré-temporada na China, construindo uma conexão significativa com o público local. Para se ter ideia da paixão do chinês pelo esporte, em 2015 foi lançado no país o programa Jr. da NBA. E foi por meio dele que os fãs chineses viram um deles, Yao Ming, se tornar uma estrela do Houston Rockets e, eventualmente, entrar no Hall da Fama da do esporte.