A crise no abastecimento de água em Piracicaba tem gerado indignação e reclamações por parte dos moradores, que enfrentam falta de água frequente em diversos bairros. Enquanto o Serviço Municipal de Água e Esgoto (Semae) aponta diferentes razões para os problemas – ora a qualidade da água captada no Rio Corumbataí, ora manutenção emergencial na estação do Capim Fino –, os relatos da população indicam uma realidade de dificuldades cada vez maiores.
Entre as queixas, destaca-se o relato de Rodrigo Scrolim, morador do bairro Morumbi, que comentou estar há três dias sem água. “O Semae não atende o telefone. Era para ter voltado hoje, mas nada. Estamos sem água na caixa, a última gota foi embora agora pela manhã. Revoltante!”, desabafou.
Outros bairros também enfrentam a mesma situação. Maria Aparecida Camolesi, do bairro Nova América, disse que está sem água há 36 horas. “Isso é algo recorrente, faz meses que a água falta constantemente”, afirmou.
No bairro Piracicamirim, a situação não é diferente. Kesamella relatou: “Estamos sem água desde às 22h da noite passada e não houve um resquício de água o dia inteiro”.
Débora Regina, outra moradora que se manifestou, chamou atenção para os custos: “O pior é que ficamos sem água, mas o valor da conta continua alto, variando de R$ 100 a R$ 300. Isso está difícil”.
Vivicardosoa, do Vila Sônia, lamentou: “É um descaso com a população. Sempre acaba a água no Vila Sônia, São Mateus e São Luís”.
Problemas estruturais e comunicação falha
Os motivos apresentados pelo Semae têm gerado mais dúvidas do que respostas para a população. No sábado (28), o órgão justificou a falta d’água alegando alta turbidez da água captada no Rio Corumbataí devido às chuvas intensas. No domingo (29), porém, o motivo apresentado foi uma manutenção emergencial na cabine de força da estação Capim Fino, afetada pela tempestade.
Essa troca de justificativas foi criticada pelos leitores. Hayla Kannanda resumiu o sentimento coletivo: “Toda semana uma desculpa diferente”.
Sandra Paiao, do bairro Sol Nascente, também questionou a transparência das explicações do Semae. “Tudo mentira o que eles falam. Cada vez é uma desculpa, mas a conta vem cada vez mais alta. Um absurdo desde ontem aqui no Sol Nascente”.
Impacto na rotina
A crise no abastecimento afeta diretamente a rotina dos moradores. Flávia Amara, do Santa Rosa, reclamou: “Todo dia é assim, sem água desde ontem cedo. Pleno domingo, dia de estar com a família, e sem água. Até quando isso?”.
Marcia Antunes, por sua vez, destacou como o problema atinge até mesmo ações básicas. “A gente acorda e não tem água nem para coar um café! É desanimador o que está acontecendo com nossa cidade”.
Solução à vista?
Enquanto o Semae pede paciência e sugere que os moradores economizem água até a normalização do sistema, a população cobra soluções concretas e permanentes. Além disso, os altos índices de perda de água na rede de distribuição – que superam 50% – levantam dúvidas sobre a eficiência do sistema.
A falta de comunicação clara e a ausência de ações efetivas para resolver o problema têm deixado os piracicabanos cada vez mais frustrados. A expectativa é de que, com a troca de governo municipal em janeiro, o novo gestor traga investimentos e transparência para a gestão hídrica da cidade.