A demissão de Rodrigo Bocardi da TV Globo nesta quinta-feira (30) reforça um movimento interno da emissora nos últimos anos: o afastamento de profissionais envolvidos em denúncias de comportamento inadequado. Sem dar detalhes sobre o motivo específico do desligamento, a empresa afirmou apenas que o jornalista descumpriu normas de ética.
A decisão pegou o mercado de comunicação de surpresa, especialmente porque Bocardi era um dos principais rostos do jornalismo matinal da Globo e estava à frente do Bom Dia São Paulo desde 2013. Nos bastidores, no entanto, há informações de que o setor de compliance da emissora já recebia denúncias contra ele há pelo menos cinco anos, relacionadas ao tratamento com colegas de trabalho, principalmente mulheres.
Com isso, Bocardi se junta a uma lista crescente de profissionais demitidos pela emissora por questões comportamentais. Antes dele, nomes como José Mayer, Marcius Melhem e William Waack já haviam sido desligados pelo mesmo motivo.
O crescimento da “lista do compliance”
A Globo tem adotado uma postura mais rigorosa nos últimos anos em relação ao comportamento de seus profissionais. O setor de compliance da emissora, responsável por investigar condutas inadequadas dentro da empresa, tem levado a decisões drásticas, que resultaram na saída de algumas figuras conhecidas do público.
Entre os nomes mais emblemáticos que passaram por esse processo estão:
- José Mayer (2018) – O ator foi demitido após ser acusado de assédio sexual por uma figurinista da emissora. O caso teve grande repercussão, e Mayer acabou afastado das novelas antes de ser oficialmente desligado.
- William Waack (2017) – O jornalista foi demitido após o vazamento de um vídeo em que fazia um comentário racista nos bastidores de uma transmissão. Sua saída foi imediata após a repercussão do caso.
- Marcius Melhem (2020) – O humorista e ex-diretor do núcleo de humor da Globo foi acusado de assédio moral e sexual por diversas funcionárias, incluindo atrizes renomadas. O caso gerou um dos maiores escândalos internos da emissora. A Globo não confirma.
- Manuel Soares (2023): coapresentador do “Encontro”, não se deu bem com a âncora, a ex-apresentadora do “Jornal Nacional”, Patricia Poeta, criando uma crise no ar. Ele foi transferido para um programa no GNT, onde também houve uma crise. Houve denúncias ao complaice de assédio verbal e, segundo noticiado na mídia na época, ele andava de roupão pelos corredores da emissora.
Agora, Rodrigo Bocardi entra para essa lista, evidenciando que a emissora segue com sua política de tolerância zero para desvios de conduta no ambiente de trabalho.
Diferente de outras vezes, sem “saída honrosa”
A maneira como a Globo lidou com o caso de Bocardi chama atenção. Normalmente, a emissora tenta negociar uma saída mais discreta para evitar polêmicas e preservar a imagem do profissional. No entanto, a decisão de demitir o jornalista de forma abrupta sugere que as denúncias contra ele possam ter sido consideradas graves o suficiente para justificar essa postura mais dura.
O fato de Bocardi ainda não ter se pronunciado publicamente sobre sua saída levanta ainda mais especulações sobre os bastidores da decisão.