
A Cosan, grupo empresarial de Piracicaba fundado pelo bilionário Rubens Ometto, divulgou na noite desta quarta-feira (26) um balanço não auditado, revelando um prejuízo de R$ 9,29 bilhões no quarto trimestre de 2024. O resultado representa uma reversão drástica em relação ao lucro de R$ 2,36 bilhões registrado no mesmo período de 2023.
No acumulado do ano, a empresa registrou um prejuízo total de R$ 9,42 bilhões, revertendo o lucro líquido de R$ 1,09 bilhão em 2023. O grupo atribuiu o desempenho negativo ao impacto da desvalorização de sua participação na mineradora Vale e ao fraco desempenho da Raízen e da Compass, suas subsidiárias no setor de energia.
Venda de participação na Vale contribuiu para o prejuízo
Em janeiro de 2024, a Cosan vendeu 173,4 milhões de ações da Vale a um preço médio de R$ 52,29 por ação, totalizando aproximadamente R$ 9 bilhões. No entanto, o grupo havia adquirido esses papéis em outubro de 2022 por R$ 64, o que resultou em prejuízo bilionário com a desvalorização dos ativos.
A relação da Cosan com a Vale ficou estremecida após a polêmica sucessão na presidência da mineradora. Ometto defendia a indicação de Luis Henrique Guimarães para o comando da companhia, mas o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva apoiava Guido Mantega. No final, o conselho da Vale optou por Gustavo Pimenta, deixando Ometto e a Cosan em desvantagem política.
Aumento da dívida e impacto da desvalorização do real
Outro fator que contribuiu para o prejuízo da Cosan foi o aumento de sua dívida bruta, que atingiu R$ 27,8 bilhões no quarto trimestre de 2024. Esse valor representa um crescimento de R$ 3,6 bilhões em relação ao terceiro trimestre do ano passado e R$ 1,2 bilhão a mais do que no mesmo período de 2023.
O endividamento foi impulsionado pela emissão de debêntures, pelo aumento dos juros e pela desvalorização do real frente ao dólar, fatores que encareceram o custo da dívida da companhia.
Desempenho da Raízen e Compass pesou no balanço
A Cosan também mencionou que o desempenho da Raízen, empresa do setor sucroenergético e de distribuição de combustíveis, e da Compass, que atua no setor de gás e energia, impactaram negativamente seus resultados financeiros.
Embora a empresa não tenha detalhado os problemas específicos, o setor de energia sofreu com flutuações nos preços dos combustíveis, mudanças regulatórias e desafios operacionais ao longo de 2024.
Expectativas para 2025
Diante do prejuízo bilionário, a Cosan deve focar em reestruturar suas operações financeiras e ajustar seus investimentos para recuperar a rentabilidade. A empresa já indicou que pretende revisar sua estratégia de alocação de capital e reduzir sua exposição a ativos de maior risco, como foi o caso da Vale.
O mercado financeiro aguarda mais detalhes sobre os próximos passos da Cosan e se o grupo conseguirá reverter a tendência negativa ao longo de 2025.