A jornalista e apresentadora Patrícia Poeta, ex-Jornal Nacional e atual âncora do Encontro, na TV Globo, entrou para a disputada lista dos piores casos de sensacionalismo na TV aberta. Das quatro maiores emissoras de TV no Brasil, todas disputam, em algum horário, a atenção do telespectador com o mesmo conteúdo: o jornalismo policial “moído”, “remoído” e “liquidificado”.
Não só Record e SBT: as manhãs do Brasil contam com programas policiais. Uns mais evidentes, outros mais variados e alguns mesclados, como é o caso do Encontro com Patrícia Poeta, que tem conseguido grandes furos jornalísticos factuais. Mas isso não é um fenômeno exclusivo das manhãs. Na virada da tarde para a noite, das quatro grandes emissoras, apenas a Globo varia o conteúdo que exibe. Enquanto Record, SBT e Band transmitem telejornais policiais – com a Record marcando 8 pontos, a Band 2 e o SBT 1,8 pontos, como na última quinta-feira (06) – a Globo, exibindo uma novela antiga, gravada no sistema analógico, garante 18 pontos com Tieta e 11 pontos com Prova de Amor, também antiga.
Especialistas, há 10 anos, orientam as grandes emissoras a transformarem seus canais em programação ao vivo, deixando tudo que for gravado para o streaming. A Globo, através do Globoplay, não só tem séries, mas também novelas em seu catálogo, que depois vão ao ar na TV aberta, seja com um capítulo especial na Sessão Globoplay ou, após um período, com exibição completa.
Ocorre que, para conquistar o público – cansado de rolar “reels” e “shorts” nas redes sociais da Meta e no YouTube –, as emissoras, sem compreender essa mudança de consumo, têm apostado em conteúdos de grande apelo emocional, como crimes e sexo.
Na TV aberta, de madrugada, manhã, no almoço, à tarde e à noite, jorra sangue. A Globo começa a não ficar de fora dessa tendência. Por competência e mérito, a equipe de Patrícia Poeta tem conseguido furar até o Fantástico, com entrevistas exclusivas. Uma delas foi com a mulher que ficou refém, com uma faca no pescoço, na Avenida Paulista. Ela foi ao Encontro e contou para Poeta que, ao perceber que estava presa na situação, pensou: “Meu Deus, tenho tanta coisa para fazer”, arrancando risos da plateia. O trecho viralizou e virou meme.
Com produtores competentes sob seu comando, o Encontro tem conseguido furos jornalísticos relevantes. Um deles foi entrevistar o pai de Vitória, de 17 anos, assassinada brutalmente na Grande São Paulo. Poeta, seguindo a orientação da direção do programa, recebeu informações ao vivo e foi repassando-as, sem notar que o pai ainda não sabia dos detalhes.
Cerca de dois anos antes, o ex-apresentador do Cidade Alerta, da Record, Luiz Bacci, fez algo semelhante – ou pior. Informou uma mãe, ao vivo, que sua filha estava morta. A mãe desmaiou na transmissão.
No caso de Poeta, o pai já sabia da morte da filha, mas não sabia quem seria o assassino. Patrícia, ao ser informada pelo ponto eletrônico, começou a transmitir as novas informações. O pai ouviu e pediu detalhes. Com isso, a jornalista passou a sofrer críticas nas redes sociais.
Perdida, a TV brasileira não sabe para onde correr. O sangue nunca escorreu tanto nas telas, ao mesmo tempo em que a falta de opção ao telespectador se torna cada vez mais evidente: ou assiste ao crime na TV, ou migra para as redes sociais para ver “reels” e “shorts”.
JÚNIOR CARDOSO, diretor-fundador do PIRANOT
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