Em um dia marcado por comoção em Piracicaba (SP), após a morte de um homem atacado por rottweilers — caso em investigação pela Polícia Civil —, o setor pet no Brasil deu recentemente mais um passo para consolidar sua força econômica. Na última sexta-feira (14), os acionistas da Petz aprovaram a fusão com a Cobasi, criando a maior empresa do país em produtos e serviços para animais de estimação, com valor de mercado estimado em R$ 2,2 bilhões.
A fusão, que começou a ser costurada em abril de 2024, foi oficialmente aprovada em Assembleia Geral Extraordinária, marcando a união de duas gigantes que refletem a nova forma como os brasileiros enxergam os animais: não mais como simples bichos de estimação, mas como parte da família. Esse comportamento tem impulsionado um dos mercados que mais cresce no país, tornando o Brasil o segundo maior consumidor global de produtos e serviços pet.
Os próximos passos da fusão
Conforme comunicado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), a Petz se tornará subsidiária integral da Cobasi, unificando as bases acionárias de ambas. A operação ainda aguarda aprovação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), mas, se concretizada, consolidará um império do setor pet no país.
O negócio envolve aumento de capital de R$ 270 milhões, emissão de ações ordinárias e pagamento em dinheiro aos acionistas da Petz. Em novembro de 2024, esses acionistas já haviam recebido R$ 130 milhões em dividendos, fortalecendo a confiança dos investidores no processo de fusão.
Pets como filhos: um mercado bilionário
A movimentação entre as empresas acontece em um momento de transformação cultural no Brasil. Especialistas apontam que os “pets” deixaram de ser apenas animais de companhia. Para boa parte da nova geração, eles são vistos e tratados como filhos. Esse afeto é refletido em cuidados cada vez mais sofisticados: alimentação premium, planos de saúde, spas, adestramento, vestuário e até festas de aniversário.
Essa humanização dos animais — especialmente cães e gatos, mas também pássaros, peixes e roedores — fez com que o consumo de produtos pet saltasse 27% entre 2020 e 2024, de acordo com a Associação Brasileira da Indústria de Produtos para Animais de Estimação (Abinpet).
Contraste: carinho e responsabilidade
O crescimento do mercado e a aproximação afetiva entre humanos e animais também impõem novos desafios sociais e jurídicos. O caso de Piracicaba, onde um homem morreu ao ser atacado por rottweilers, escancara a necessidade de equilibrar afeto e responsabilidade. Em um cenário onde pets são tratados como filhos, cabe também aos tutores o papel de responder por eles diante da sociedade, como exige a lei.
A fusão de Petz e Cobasi, ao passo que consolida um mercado bilionário, também reforça o poder dos pets na economia e nos lares brasileiros. Com a união, as empresas devem ampliar o portfólio de serviços, incluindo planos de saúde animal, creches, escolas e tecnologia voltada ao bem-estar dos pets.