O SBT está promovendo mudanças estruturais em sua política de produção e gestão de elenco. A emissora, que por décadas manteve seu conteúdo fortemente internalizado, segue agora o modelo da Globo e passa a alugar estúdios e contratar elenco por participação, em vez de manter artistas sob contrato fixo. As mudanças já atingem dois dos principais programas da casa: “Programa do Ratinho” e “The Noite com Danilo Gentili”.
Produções passam a ser ‘terceirizadas’
A partir deste mês, a produção desses programas será realizada em estúdios alugados pelo SBT. O novo modelo permite à emissora reduzir custos fixos e flexibilizar contratos, em um movimento de adequação ao mercado atual, que exige otimização de recursos e maior eficiência financeira. Artistas, apresentadores e equipes técnicas que atuam nos dois programas não terão mais contratos fixos, recebendo cachê por participação ou por obra, como já ocorre na Globo desde 2020.
Nos bastidores, fontes apontam que a redução de custos operacionais foi um fator determinante para a adoção do novo modelo. Além disso, a migração para estúdios externos permite maior agilidade logística e a possibilidade de se utilizar estruturas mais modernas sem que o SBT precise investir em grandes reformas em seus próprios estúdios.
Ratinho e Gentili continuam no ar, mas sob novo regime
Apesar das mudanças, tanto o apresentador Ratinho quanto Danilo Gentili continuam à frente de seus programas. No entanto, os vínculos com a emissora passaram a ser por projeto. A medida também visa aliviar a folha de pagamento da emissora, num contexto em que o mercado publicitário enfrenta oscilações e as emissoras disputam cada centavo de investimento de anunciantes.
Ratinho, que já é empresário e detém parte dos direitos do programa que leva seu nome, segue como coprodutor da atração. Já o humorista Danilo Gentili, que mantém uma equipe de criação própria, também passa a atuar em parceria contratual por produção entregue.
Globo adotou modelo semelhante
A Globo foi pioneira na reformulação dos contratos artísticos, extinguindo gradativamente os vínculos fixos e apostando em contratos por obra certa. A medida provocou polêmica na época, mas reduziu significativamente os custos fixos com elenco. A emissora carioca também passou a alugar estúdios para algumas produções e a incentivar coproduções com produtoras independentes.
O SBT agora adota modelo similar, que já é comum em plataformas de streaming como Netflix e Amazon Prime Video. A terceirização da produção é vista por executivos como caminho inevitável para garantir sobrevivência e competitividade no atual cenário audiovisual.
Impacto no mercado e expectativa
O movimento do SBT pode influenciar outras emissoras e produtoras menores a seguir o mesmo caminho. Para o público, a mudança promete impacto mínimo no conteúdo final, embora haja expectativa de mudanças estéticas e operacionais nos programas.
Já os profissionais da área demonstram preocupação com a estabilidade de emprego e renda, uma vez que os contratos fixos garantiam segurança trabalhista. Com o novo modelo, rende mais quem entrega mais, o que para muitos pode ser desafiador.