
Profissional com 17 anos de experiência na área de Gestão Comercial, tendo atuado em três petrolíferas — nas áreas de produção, refino e distribuição — e conquistado posições de destaque no mercado de combustíveis em todo o Brasil. Além disso, possui experiência na área de saneamento municipal e foi eleito presidente do Semae em 2024.
Em entrevista ao PIRANOT, Ronald destacou os principais desafios enfrentados neste início de gestão em Piracicaba.
Foi diretor-geral do SAAE em Sorocaba há alguns anos. No estado, também atuou na Sabesp, onde contribuiu para a despoluição do Rio Pinheiros, na capital.
Como você recebeu o convite para integrar o novo governo?
Recebi com muita alegria o convite. O prefeito Helinho Zanatta ficou sabendo do meu trabalho na cidade de Sorocaba (SP), bem como diretor da Sabesp, participando da despoluição do Rio Pinheiros, um dos maiores projetos de sucesso. Muito feliz que a cidade de Piracicaba (SP) me abraçou, e o prefeito terá um grande desafio pela frente para que haja um abastecimento de água digno para a população.
Falando um pouco sobre a despoluição do Rio Pinheiros, gostaria que traçasse um paralelo com o Rio Piracicaba.
O Rio Pinheiros é relativamente pequeno e está localizado no município de São Paulo. Para despoluí-lo, a Sabesp realizou um amplo conjunto de ações, incluindo mais de 600 mil ligações de esgoto em residências que não tinham conexão com os emissários responsáveis por levar o esgoto coletado para tratamento. Foi um trabalho de grande escala, que demandou quase R$ 3 bilhões em investimentos por parte do governo estadual e da Sabesp.
Em paralelo, o Rio Piracicaba é classificado como classe 4, assim como era o Rio Pinheiros. No entanto, a poluição do Rio Piracicaba atualmente tem pouca contribuição do município de Piracicaba, pois a cidade já conta com praticamente 100% de coleta e tratamento de esgoto. O problema maior vem de outros municípios, especialmente aqueles localizados a montante do Rio Piracicaba, que ainda lançam esgoto sanitário em suas águas.
Dessa forma, para que sejam adotadas medidas eficazes de despoluição do Rio Piracicaba, seria necessário um esforço conjunto entre diversas cidades, possivelmente por meio de um consórcio ou outra iniciativa colaborativa, visando reduzir o despejo de esgoto no rio.
Quais são os principais desafios neste início de gestão e qual a situação encontrada?
Nós encontramos o Semae em uma situação lamentável, de calamidade pública. Tanto que, já na primeira semana, o prefeito decretou emergência hídrica na cidade, diante da gravidade da situação deixada pelo governo anterior.
Por exemplo, os tanques de decantação da Estação de Tratamento de Água Luiz de Queiroz estavam lotados de lodo, o que impedia a produção adequada de água. A estação tem capacidade para tratar 750 litros por segundo, mas, quando assumimos, estava operando com apenas 350 litros por segundo, ou seja, menos da metade de sua capacidade.
Diante disso, tomamos medidas imediatas, como a remoção do lodo dos tanques de decantação com caminhões de sucção, transportando o material para a estação de tratamento. Com essa ação, conseguimos liberar espaço para a produção de água e restabelecer a distribuição para a população.
Hoje, Piracicaba ainda enfrenta problemas pontuais, mas o abastecimento hídrico já está praticamente normalizado. No entanto, sabemos que os desafios continuam. Sempre digo que, entre o rio e a torneira do cidadão, existem três etapas fundamentais: captação de água, tratamento de água e distribuição. O Semae precisa investir nessas três áreas, pois há problemas sérios deixados por gestões anteriores em cada uma delas.
Um dos principais problemas recentes foi, de fato, o lodo acumulado na estação Luiz de Queiroz. Mas também estamos lidando com dificuldades na rede de abastecimento. Para isso, já firmamos um contrato de reparo de redes e, em breve, teremos novos contratos para substituição de redes antigas. Além disso, estamos investindo na construção de novas adutoras, uma já em andamento e outras previstas para serem executadas ao longo desta gestão do prefeito Helinho Zanatta.
Outro projeto importante é a ampliação da Estação de Tratamento de Água Capim Fino, que aumentará sua capacidade de 1.500 para 2.000 litros de água por segundo. A previsão é que essa obra seja concluída até o final deste ano.
O Águas do Mirante recebia 50% da conta de água e agora passou a receber 40%. Houve um acordo?
Na verdade, a Águas do Mirante recebe um valor baseado no faturamento de água, que é diretamente ligado ao esgoto. Não se trata exatamente de um percentual fixo, mas sim de uma taxa calculada sobre o volume faturado. Para cada metro cúbico de água consumido, considera-se um metro cúbico de esgoto, e sobre esse volume incide um índice específico.
Atualmente, há diversas conversas e reuniões entre a Águas do Mirante e o Semae, com a participação direta do prefeito Helinho Zanatta, para definir o futuro da Parceria Público-Privada (PPP) do esgotamento sanitário de Piracicaba. Algumas decisões estão sendo tomadas e, em breve, a imprensa e a população serão informadas sobre os próximos passos.
O Semae vai investir R$ 11,18 milhões na contratação de serviços de reparo. Há previsão para estas melhorias?
Nós assinamos este contrato para a realização de reparos na rede, incluindo mão de obra e equipamentos, com o objetivo de reduzir a perda de água tratada e melhorar o volume disponível para abastecimento.
A previsão é que, em até três meses, a situação da água na cidade esteja normalizada, sem acúmulo de problemas, restando apenas os reparos do dia a dia. Isso proporcionará mais segurança e tranquilidade para a população.
O que te motiva a fazer o melhor por Piracicaba todos os dias?
Eu sempre digo que já tive experiências tanto na iniciativa pública quanto na privada, atuando em órgãos governamentais e em empresas de grande e médio porte em vários estados do país.
O que realmente me motiva é o serviço público. Acordo todos os dias com vontade de trabalhar, animado e com muita empolgação, porque é gratificante saber que, por meio do meu trabalho, posso impactar a vida de muitas pessoas, especialmente aquelas que mais precisam do poder público — as mais vulneráveis e carentes. Isso é o que me impulsiona a dar o meu melhor todos os dias.
Qual o legado que você quer deixar para Piracicaba?
Acredito que o maior legado de um gestor público é unir a preocupação social com uma gestão eficiente. Muitas pessoas que passam por cargos públicos acabam focando apenas na política ou apenas na eficiência administrativa, mas eu procuro equilibrar essas duas áreas, pois ambas são fundamentais.
O serviço público existe para atender à população, que paga impostos e tarifas, como a conta de água, e espera um retorno em forma de benefícios. As pessoas não se incomodam em contribuir, desde que percebam que o dinheiro está sendo bem aplicado e revertido em melhorias para a cidade.
Minha meta é administrar com eficiência, sempre pautado nos princípios da moralidade, economicidade e transparência, garantindo que cada recurso público seja utilizado da melhor forma possível para beneficiar Piracicaba.
Eu gostaria de saber se você tem alguma novidade, algum projeto em primeira mão, algo que ainda não foi anunciado.
Na verdade, vamos divulgar, provavelmente no final deste mês de março, um balanço dos nossos 100 primeiros dias aqui no Semae, em parceria com o prefeito Helinho Zanatta. Esse balanço também será feito por todas as secretarias, e estamos formulando o plano de divulgação. Com certeza, podemos contar com o PIRANOT para divulgar isso de forma antecipada, pois o trabalho de vocês é fundamental para levar informações e notícias à população, mantendo-a sempre bem informada sobre o que está acontecendo na nossa cidade. Será uma divulgação dos resultados e dados desses primeiros 100 dias de gestão.

