O sinal analógico de televisão já faz parte do passado. Agora, o Brasil se prepara para dar o próximo passo na evolução da TV aberta: a TV 3.0. Trata-se de uma iniciativa coordenada pelo Governo Federal, em parceria com empresas de tecnologia, emissoras de televisão e órgãos de regulação, que visa transformar a televisão em uma experiência totalmente conectada, com recursos semelhantes aos dos serviços de streaming.
A nova tecnologia, considerada uma revolução no setor, já está sendo discutida em comitês técnicos e grupos de trabalho coordenados pelo Ministério das Comunicações, pela Anatel e pelo Fórum do Sistema Brasileiro de TV Digital (SBTVD). A expectativa é de que os primeiros testes comecem ainda em 2025 e que as transmissões em TV 3.0 sejam iniciadas até 2026.
O que é a TV 3.0?
A TV 3.0 é a evolução direta da TV Digital, que começou a ser implantada em 2007 e teve sua transição concluída em 2023, com o desligamento definitivo do sinal analógico em todo o país.
Ao contrário das gerações anteriores, que focavam apenas na qualidade da imagem e som, a TV 3.0 tem como principal objetivo oferecer uma experiência integrada com a internet, unindo o melhor da transmissão tradicional com os recursos interativos típicos das plataformas de streaming.
A promessa é de uma TV com:
Qualidade 4K e som imersivo;
Transmissão por IP (Internet Protocol), sem depender da antena tradicional;
Interatividade em tempo real com programas, canais e marcas;
Publicidade segmentada, com base no perfil do usuário;
Acesso a conteúdos sob demanda diretamente pela TV aberta.
A TV aberta se reinventa
Com a chegada das plataformas de vídeo sob demanda, como Netflix, Globoplay, Prime Video e tantas outras, a TV aberta passou a buscar maneiras de manter sua relevância. A TV 3.0 surge como uma alternativa para que as emissoras possam competir no mesmo nível tecnológico, sem abrir mão da gratuidade que caracteriza o modelo tradicional.
Para o telespectador, isso significa poder assistir ao telejornal local, por exemplo, com qualidade de cinema, e, em seguida, acessar conteúdos adicionais sob demanda, como reportagens especiais, entrevistas exclusivas ou até mesmo filmes, sem trocar de plataforma.
Governo e mercado unidos no projeto
O Governo Federal, por meio do Ministério das Comunicações, tem articulado uma série de medidas para viabilizar a implementação da nova geração de televisão. Uma das principais preocupações é garantir que a TV 3.0 seja acessível a todos os brasileiros, assim como foi o processo de digitalização da TV.
O projeto conta com o apoio de empresas como Globo, SBT, Record, Band, RedeTV!, além de fabricantes de televisores e desenvolvedores de software. O Fórum SBTVD, responsável pela definição do padrão brasileiro de TV digital, já escolheu as tecnologias que serão utilizadas, baseadas no modelo norte-americano ATSC 3.0, com adaptações para o Brasil.
A nova televisão gratuita e conectada
A proposta é clara: criar um “streaming brasileiro gratuito”, com foco em conteúdo local, jornalismo regional, esporte e entretenimento popular. Mas, ao mesmo tempo, com qualidade técnica comparável aos serviços pagos.
Diferente da TV por assinatura, a TV 3.0 continuará sendo gratuita. Os equipamentos compatíveis, no entanto, precisarão estar conectados à internet e contar com tecnologia específica para receber o novo sinal.
Quando chega a TV 3.0?
A previsão é de que os primeiros testes comecem em São Paulo, Brasília e Rio de Janeiro a partir de 2025. O cronograma completo para implementação em todo o Brasil será definido nos próximos meses, levando em consideração a capacidade de fabricação e distribuição dos aparelhos compatíveis.
Para os fabricantes de TVs, o momento é de preparação. Algumas marcas já estão desenvolvendo televisores com suporte à TV 3.0, e devem começar a chegar às lojas no final de 2025 ou início de 2026.