A ex-assistente de palco do “The Noite”, Juliana Oliveira, se pronunciou pela primeira vez sobre o suposto caso de estupro que teria sofrido do apresentador Otávio Mesquita, nos bastidores do programa. Ela afirmou que, no mesmo dia da gravação, relatou o ocorrido ao apresentador Danilo Gentili, ao diretor e à produção, mas que foi ignorada.
Segundo Juliana, o programa é totalmente roteirizado e, na gravação em que sofreu o suposto abuso, ela apenas ajudaria a desvirar Otávio, que entraria no palco de cabeça para baixo, preso a uma corda. Ela também retiraria o equipamento de segurança dele. Ainda de acordo com a ex-assistente, ao se aproximar de Otávio, ele saiu do roteiro previamente ensaiado e passou a tocá-la e a esfregar, inclusive a cabeça, em suas partes íntimas. “Ele passou a mão no meu corpo inteiro”, alega.
Juliana disse que contou o ocorrido a Danilo e ao diretor do programa logo em seguida. Também se queixou com a produção, mas não foi levada a sério. Ela relata que passou a sofrer crises de ansiedade e pânico sempre que Otávio se aproximava ou surgia de surpresa no estúdio do programa. “Ele sempre inventava uma desculpa para chegar de surpresa. Invadia os bastidores com alguma justificativa”, contou.
A ex-assistente afirmou ainda que, em 2020, procurou novamente Danilo e o diretor do programa após se indignar com as críticas feitas por Danilo ao humorista Marcius Melhem, demitido da TV Globo por supostos casos de assédio moral e sexual nos bastidores do extinto “Zorra Total”. Uma das denunciantes foi a humorista Dani Calabresa. “No caso da Calabresa, cobrei o Danilo”, disse. “Então, se for uma mulher negra, mesmo debaixo do seu nariz, tudo bem? Mas, se for uma mulher branca e loira, não pode?”, questionou, referindo-se a Daniele Winits.
Segundo Juliana, foi a partir desse dia que o diretor do “The Noite” e o apresentador prometeram que Otávio nunca mais pisaria no palco do programa. No entanto, ele continuou a aparecer nos bastidores. “Ele sempre tinha uma desculpa. Foi quando a produção, vendo meu estado de nervosismo e pânico, passou a me trancar no banheiro até ele ir embora. Isso aconteceu várias vezes, dezenas de vezes”, afirmou, dizendo que o número pode ser maior que 20.
Diante da situação, Juliana decidiu procurar o RH do SBT. “Eles me deram apoio. Fiz a denúncia em 2024 e o processo seguiu o rito normal, mas, na última fase, informaram que a decisão caberia à presidente Daniela Beyrutti. Como estava demorando, cobrei algumas vezes, até que fui demitida.” E desabafou: “Jamais pensei que uma empresa comandada por mulheres agiria assim”.
O apresentador Otávio Mesquita nega as acusações. Ele diz que seguiu o roteiro e abriu um processo contra Juliana no valor de R$ 50 mil. O SBT fez uma enquete no “Programa do Ratinho” sobre o caso e tentou diminuir a gravidade dos fatos.