A virada de chave, segundo a cronologia apresentada pela ex-assistente de palco do “The Noite”, Juliana Oliveira, que afirma ter sido vítima de estupro por parte do apresentador Otávio Mesquita, ocorreu em 2020. Naquele ano, ela decidiu procurar instâncias superiores dentro do SBT, após um episódio que considera emblemático: a postura pública do apresentador Danilo Gentili diante das denúncias contra o então diretor de humor da TV Globo, Marcius Melhem.
Gentili, que comanda o “The Noite”, usou suas redes sociais para publicar diversas críticas a Melhem, que foi demitido após acusações de assédio moral e sexual feitas por funcionárias da emissora, incluindo Dani Calabresa e Daniele Winits. Juliana, ao acompanhar o engajamento do chefe na defesa das artistas da Globo, decidiu confrontá-lo. “Então tem que ser branca e rica para você se importar? Aconteceu aqui, debaixo do seu nariz”, teria dito ela a Danilo.
Segundo Juliana, foi após esse confronto que a ordem teria sido dada à produção: sempre que Otávio Mesquita aparecesse de surpresa nos bastidores do programa, ela deveria ser trancada em um banheiro. A situação, segundo ela, se repetiu em pelo menos 20 ocasiões.
Diante da falta de uma solução e do agravamento de sua saúde mental, Juliana procurou o setor de Recursos Humanos do SBT, que a encaminhou ao setor de compliance da emissora. O processo de apuração interno seguiu todas as fases, mas a etapa final dependeria de uma decisão da herdeira e atual presidente do canal, Daniela Beyruti. Após cobrar uma resposta, Juliana afirma que foi demitida.
Danilo Gentili, por sua vez, foi bastante crítico em relação ao caso de Marcius Melhem. Ele chegou a comentar o assunto em podcasts, onde revelou que foi processado e, o ex-diretor da Globo, pediu publicamente sua prisão, o que lhe gerou um sentimento suficiente para explanar em entrevistas públicas, sendo porta-voz das artistas globais. “Ele queria me ver preso”, declarou em sua uma espécie de turnê orgânic em mídias diversas. Há diversos vídeos e cortes no YouTube deste período. Na grande parte, Danilo se coloca até como testemunha onipresente das vítimas do suposto caso de assédio na Globo. Danilo diz, no podcast “Inteligência LTDA”, que recebia confidências de Dani Calabresa sobre supostos crimes cometidos por Melhem. Ele afirmou ter congeximento do suposto crime, imputado como assédio sexual, mais de um ano antes da Globo e da mídia. Mais uma vez, Danilo revelou, também em podcasts, que Marcius Melhem, demitido em comum acordo da Globo, pediu sua prisão nas redes sociais por um processo que ele tomou.