A Operação Ícaro, deflagrada pelo Ministério Público de São Paulo (MP-SP) nesta terça-feira (12), revelou novos desdobramentos no esquema bilionário de corrupção fiscal que resultou na prisão de Sidney Oliveira, dono da rede Ultrafarma, e Mário Otávio Gomes, diretor estatutário da Fast Shop. A investigação agora apura ligações entre a consultoria investigada e a rede de supermercados Oxxo, pertencente ao Grupo Nos, controlado pelos grupos piracicabanos Raízen e Cosan.
A decisão judicial obtida pela CNN aponta que a Smart Tax, empresa de consultoria fundada pelo auditor fiscal Artur Gomes da Silva Neto e por sua mãe, manteve negociações com representantes do Grupo Nos. O contador Agnaldo de Campos, apontado como testa de ferro de Artur, seria o responsável por conduzir as tratativas.
“Agnaldo de Campos é o contador de SMART TAX e o principal responsável, ao lado de Artur, pela operacionalização da empresa utilizada para a lavagem da propina. (…) É o responsável por conduzir as negociações, sempre cientificando Artur sobre elas, como se verifica pelos e-mails indicados, que tratam de contrato com o ‘Grupo Nos’ (dono da rede de supermercados Oxxo)”, afirma o documento.
Patrimônio bilionário em dois anos
Segundo o MP-SP, a mãe de Artur, identificada como Kimio, apresentou evolução patrimonial considerada “absurda” pelos investigadores: de R$ 411 mil em 2021 para R$ 2 bilhões em 2023, proveniente de rendimentos da Smart Tax. Apesar de ter deixado formalmente o quadro societário em 2013, Artur teria continuado atuando para a consultoria, concedendo benefícios fiscais a empresas mediante pagamento de propina.
A decisão também relata que, em um e-mail obtido pelos investigadores, Agnaldo comunicou a Artur que a Fast Shop havia compensado mais de R$ 8 milhões em tributos.
Mudança societária e capital ampliado
A Smart Tax alterou seu objeto social em 2021 para prestação de consultoria e auditoria tributária, e, pouco mais de um ano depois, viu seu capital social saltar de R$ 50 mil para R$ 500 mil. Para o MP-SP, esse crescimento foi acompanhado de um esquema de favorecimento fiscal a grandes empresas.
Repercussão
Em nota, a Fast Shop informou que não teve acesso ao conteúdo da investigação e que colabora com as autoridades.
Já o Grupo Nos enviou ao PIRANOT a seguinte nota:
“O Grupo Nós informa que não foi notificado sobre a investigação e que está à disposição das autoridades competentes para, se necessário, prestar esclarecimentos e colaborar nos termos da lei. A empresa reafirma seu compromisso com a legalidade, ética e a transparência em todas as suas atividades.”
O caso segue sob sigilo judicial, e os investigados poderão responder por corrupção ativa e passiva, lavagem de dinheiro e organização criminosa.






