
Uma pesquisa internacional conduzida pela Universidade Nova de Lisboa revela que a Geração Z, primeira geração totalmente nativa digital, está aberta ao uso da inteligência artificial por marcas, mas exige clareza sobre como seus dados são coletados e utilizados. O estudo, assinado pelo jornalista brasileiro Felipe Gonçalves, reuniu jovens de países como Brasil, Portugal, Estados Unidos, Alemanha, Espanha, França, Itália, Irlanda e Reino Unido, e mostra que a confiança desse público ainda depende de mais responsabilidade por parte das empresas.
No Brasil e em Portugal, 52,5% dos entrevistados afirmaram sentir-se confortáveis com recursos de inteligência artificial aplicados por marcas, enquanto 18,3% demonstraram rejeição e 29,3% mantiveram posição neutra. Já entre os jovens de língua inglesa, a proporção de desconforto foi maior, chegando a 40% quando se trata de recomendações personalizadas de compras. Ainda assim, a maioria dos brasileiros e portugueses (62,2%) declarou aprovar esse tipo de sugestão automatizada.
A pesquisa também evidencia diferenças no consumo digital: enquanto mais da metade dos lusófonos passa mais de 7 horas por dia conectada, entre anglófonos a média cai para 4 a 5 horas diárias. Esse dado reforça a centralidade do ambiente online para jovens brasileiros e portugueses.
O setor da saúde aparece como o ponto de maior preocupação. Cerca de 51,4% dos anglófonos e 45,1% dos lusófonos disseram ter receio de como seus dados médicos são tratados por sistemas de inteligência artificial, e quase a mesma proporção declarou não confiar nas medidas de proteção adotadas por marcas do setor. No caso dos chatbots, o cenário também é de desconfiança: quase metade dos jovens de língua inglesa (48,5%) disse sentir-se desconfortável ao fornecer informações pessoais em atendimentos automatizados.
Nem mesmo o entretenimento escapa das ressalvas. Plataformas de streaming como Netflix e Spotify foram bem avaliadas por oferecerem recomendações personalizadas — 68,3% dos lusófonos e 51,5% dos anglófonos disseram aprovar. No entanto, o pedido por transparência é quase unânime: 73,2% dos respondentes no Brasil e em Portugal e 77,2% nos países de língua inglesa querem saber de forma clara como seus dados são usados para prever comportamentos. Além disso, o risco de vazamentos preocupa 68,6% dos anglófonos e 56,1% dos lusófonos.
Para Felipe Gonçalves, mestre em Data-Driven Marketing pela Universidade Nova de Lisboa e autor da pesquisa, o recado é claro: “A Geração Z gosta das facilidades da inteligência artificial, mas coloca um limite: não abre mão da transparência das marcas. Essa será a grande linha divisória no futuro das relações digitais”.







