Em uma noite histórica para a televisão brasileira, o jornalista William Bonner — também carinhosamente chamado por fãs e colegas de “Bonener” — se despediu do comando e da editoria-chefe do “Jornal Nacional”, principal telejornal da TV Globo, após 29 anos à frente da bancada.
A despedida aconteceu nesta segunda-feira (28), ao vivo, e foi marcada por aplausos e emoção na redação da emissora, localizada no Jardim Botânico, no Rio de Janeiro. A Globo, inclusive, manteve a transmissão por alguns segundos, exibindo o momento em que Bonner foi aplaudido de pé por colegas de redação e equipe técnica.
Com média de 23 milhões de telespectadores em São Paulo e na Grande São Paulo, o “Jornal Nacional” segue sendo o telejornal mais assistido do país — símbolo de credibilidade e referência na TV brasileira.
Fim de um ciclo e novos rumos
William Bonner, que também é editor-chefe do telejornal desde os anos 2000, decidiu encerrar seu ciclo na bancada do JN por motivos pessoais e de desgaste profissional. Segundo fontes internas da Globo, ele recusou um novo aumento salarial proposto pela emissora — que já havia elevado seus ganhos há cerca de dois anos, após o jornalista inicialmente recusar renovar o contrato.
Na época, Bonner teria recebido um reajuste que elevou seu salário para cerca de R$ 1,8 milhão mensais. Agora, mesmo diante de uma nova tentativa da emissora de convencê-lo a permanecer, ele decidiu se afastar do noticiário diário e migrar para uma função mais leve dentro da casa.
Em 2026, o jornalista passará a atuar como âncora e repórter especial do “Globo Repórter”, ao lado de Sandra Annenberg.
“Bonner será um dos narradores da nova fase do Globo Repórter, que ganhará formato documental e mais presença de campo”, informou uma fonte ligada à direção de jornalismo da emissora.
Reações e bastidores
Colegas de redação afirmam que o clima foi de emoção e gratidão. Bonner recebeu abraços, bilhetes e aplausos de jornalistas e técnicos que trabalharam com ele ao longo das últimas três décadas.
Em nota, a Globo destacou que o jornalista “deixa o Jornal Nacional como um dos maiores comunicadores da história da TV brasileira, responsável por conduzir o telejornal em momentos decisivos do país, sempre com serenidade e compromisso com a informação.”
Pressões e perseguições
Nos bastidores, Bonner já vinha demonstrando cansaço e preocupação com ataques políticos nas redes sociais. O jornalista revelou em entrevistas anteriores que ele e seus filhos vinham sendo alvo de ameaças e perseguições virtuais desde o início da polarização política no país.
Além disso, há informações de que Bonner não deve participar da mediação dos debates eleitorais de 2026, função que sempre exerceu com destaque.
Legado
William Bonner assumiu o “Jornal Nacional” em 1996, ao lado de Lilian Witte Fibe, e logo se consolidou como o principal rosto do telejornalismo brasileiro.
Durante quase três décadas, conduziu coberturas históricas — da queda das torres gêmeas (2001) à pandemia de Covid-19, passando por transições políticas, eleições e tragédias nacionais.
Sua saída marca o fim de uma era na televisão brasileira, comparável apenas às despedidas de Cid Moreira e Sérgio Chapelin.






