Marcas de influenciadores se tornaram uma rota rápida para monetizar audiência, mas vários exemplos recentes mostram que o sucesso pode evaporar tão rápido quanto veio. A ascensão e queda da bebida Prime nos EUA e crises recentes no Brasil, envolvendo W Pink, Girabank e John Bet, revelam um padrão recorrente: muito hype, pouca qualidade e modelos de negócio que priorizam extração de receitas em vez de entrega de valor.
O caso Prime: crescimento bilionário e queda abrupta
Nos Estados Unidos, a marca Prime, dos influenciadores Logan Paul e KSI, virou fenômeno. Como registrado nas fontes, “Em 2023, a marca faturou 1.2 bilhão de dólares, vendendo quase 1 bilhão de garrafas.” Mesmo assim, o sucesso não se sustentou e, segundo o material consultado, “menos de um ano depois, em 2024, a marca está colapsando uma queda de 75% nas vendas.” Esses números mostram que atenção massiva e escassez podem inflar um produto rapidamente, mas não garantem longevidade.
O vídeo também explica que a Prime era apoiada por uma estratégia de escassez parecida com a de marcas de luxo, onde “quanto mais difícil era para os jovens comprarem, mais eles pareciam querer”. Contudo, críticas à fórmula, sabor artificial e preocupações com cafeína levaram parte do mercado a recuar, deixando a marca vulnerável quando o hype esfriou.
Casos brasileiros: quando o risco atinge consumidores
No Brasil, os problemas vão além da qualidade do produto e atingem diretamente consumidores. Sobre W Pink, da influenciadora Virgínia Fonseca, a reportagem aponta casos graves, incluindo relatos de lesões oculares. Em números, foi citado que “Virgínia vendeu cerca de 1 milhão de produtos e cerca de 6% disso não foi entregue segundo a própria empresa.” Também consta a afirmação problemática: “Cerca de 60.000 pedidos com problemas ou não entregues.” Denúncias levantadas por veículos e autoridades resultaram em investigações e potenciais ações de consumidores.
No setor financeiro digital, o exemplo Girabank, ligado a Carlinhos Maia, acumulou reclamações: “Somente no reclame aqui. As queixas contra o Girabank chegam a 2.570 com uma nota de 4,9 na plataforma,” e relatos de usuários descrevem dificuldades para sacar dinheiro, contas desativadas e falta de suporte. Um alerta de analistas chegou a dizer que “Gira Bank seria o maior golpe dos últimos tempos.” Esses episódios expõem o perigo quando marcas de influenciadores entram em segmentos regulados sem infraestrutura nem governança adequadas.
Por que esse ciclo se repete e o que muda
O padrão se resume a um ciclo de extração, bem descrito no conteúdo-fonte: “Primeiro, a descoberta, acontece uma explosão de atenção. Segundo, a monetização via lançamentos ou extração. Aí vem a saturação ou comoditização. O hype começa a cair, as vendas começam a cair, então o colapso do negócio chega.” Quando a receita é gerada pela atenção e não é sustentada pelo valor intrínseco do produto, a queda se torna inevitável.
Além disso, algumas operações mudam o produto por um modelo que não exige entrega física de qualidade, mas sim exploração de comportamento humano. Como observado, “As apostas não precisam satisfazer o cliente para que o modelo funcione. Elas exploram o comportamento humano básico, o impulso, a esperança rápida, a busca por ganho e transformam isso em uma receita previsível para quem organiza esse jogo.” A consequência é que iniciativas como casas de apostas, games de sorte e títulos de capitalização podem perpetuar lucros sem resolver problemas de entrega ou segurança.
Na prática, isso significa que apenas duas saídas tornam marcas de influenciadores sustentáveis: ou investem de verdade em qualidade e governança, ou optam por modelos de extração que não dependem de retenção do cliente. Como resume o material, “Resumindo tudo, as únicas duas formas dos produtos ou marcas de influenciadores darem certo são, primeiro, agregando o valor de verdade depois do hype, o que exige dedicação, estudos e muito custo, ou segundo, usando modelos de extração como casas de apostas, que não precisam entregar um grande valor para isso.”
Para consumidores, a recomendação é cautela: avaliar evidências de qualidade, buscar garantias de entrega, conferir reclamações em plataformas e priorizar marcas com compromisso técnico e compliance. Para reguladores, o alerta é reforçar fiscalização em setores sensíveis quando celebridades se tornam sócias, garantindo que o apelo de marketing não substitua controles básicos de segurança e logística.
O fenômeno das marcas de influenciadores expõe uma lição clara: audiência converte em receita rapidamente, mas não substitui infraestrutura, qualidade e responsabilidade. Sem esses pilares, o risco de colapso e de danos a consumidores permanece alto, e episódios como Prime, W Pink e Girabank tendem a se repetir enquanto o modelo for baseado apenas em atenção e extração.






