A Polícia Federal deflagrou, na manhã de quinta-feira, uma nova fase da Operação Sem Desconto, que resultou na decretação da prisão preventiva de Adroaldo Portal, então secretário-executivo do Ministério da Previdência Social. A investigação apura um amplo esquema nacional de descontos não autorizados em aposentadorias e pensões do INSS, atingindo diretamente a cúpula da pasta responsável pela gestão do sistema previdenciário.
Com a confirmação da prisão, o ministro da Previdência Social, Wolney Queiroz, determinou a exoneração imediata de Portal e reforçou o compromisso do governo com a apuração rigorosa dos fatos e a recuperação dos recursos desviados. Para garantir a continuidade administrativa do ministério, o procurador federal Felipe Cavalcante e Silva, atual consultor jurídico da pasta, foi nomeado secretário-executivo interino.
Segundo as investigações, Adroaldo Portal é suspeito de envolvimento direto em um esquema estruturado que promovia descontos ilegais nos benefícios de aposentados e pensionistas — um grupo especialmente vulnerável. As acusações incluem inserção de dados falsos em sistemas oficiais, organização criminosa, estelionato previdenciário e ocultação de patrimônio.
Em declarações públicas, o ministro Wolney Queiroz afirmou ter sido surpreendido pelo envolvimento do ex-secretário, destacando que não havia indícios prévios de conduta irregular. Ainda assim, reforçou que o governo não interfere nas apurações e garante total autonomia aos órgãos de controle, como a Polícia Federal e a Controladoria-Geral da União (CGU). “Este governo não protege ninguém. Vamos identificar os responsáveis e recuperar cada centavo desviado”, afirmou.
A Operação Sem Desconto teve grande abrangência nacional. Ao todo, foram cumpridos 52 mandados de busca e apreensão, 16 mandados de prisão preventiva e diversas medidas cautelares em estados como São Paulo, Paraíba, Rio Grande do Norte, Pernambuco, Minas Gerais, Maranhão e no Distrito Federal. A dimensão da operação indica a complexidade e o alcance da rede criminosa investigada.
O caso também ganhou repercussão no meio político. Um dos mandados de busca foi cumprido na residência do senador Weverton Rocha (PDT-MA). Em nota, o parlamentar afirmou ter recebido a ação com surpresa e disse estar à disposição para prestar esclarecimentos. Diante disso, o vice-presidente da CPMI que investiga os descontos indevidos no INSS, deputado Duarte Jr. (PSB-MA), anunciou que irá convocar o senador para depor. Segundo ele, a comissão atuará com transparência e sem qualquer tipo de blindagem.
A prisão de um alto dirigente do Ministério da Previdência aprofunda a crise institucional e reacende o debate sobre os mecanismos de controle interno do governo. A expectativa agora recai sobre o avanço das investigações, a responsabilização dos envolvidos e a efetiva devolução dos valores subtraídos, em um caso que abala a confiança pública e evidencia a necessidade de vigilância permanente sobre a gestão dos recursos previdenciários.






