A América Latina — com destaque para o Brasil — vive uma transformação digital acelerada. O avanço da conectividade, aliado a uma população numerosa e cada vez mais dependente de serviços digitais, impulsionou de forma expressiva a demanda por computação em nuvem, streaming e, sobretudo, soluções baseadas em inteligência artificial. Esse cenário abriu espaço para uma expansão robusta da infraestrutura de data centers, essenciais para sustentar o crescimento tecnológico. São Paulo consolidou-se como o principal polo financeiro e tecnológico da região, atraindo grande parte dos investimentos graças à sua posição estratégica, à força da economia nacional e ao tamanho do mercado consumidor.
A inteligência artificial tornou-se o principal motor dessa expansão. Mais do que uma ferramenta, a IA exige uma base tecnológica poderosa para funcionar em escala. O treinamento e a operação de modelos avançados demandam servidores de alta performance, grande capacidade de armazenamento e redes de baixa latência. Isso acelera a construção de data centers de última geração, preparados para operar com GPUs e processadores especializados. Paralelamente, a disseminação da internet das coisas (IoT) e a chegada do 5G ampliam exponencialmente a geração de dados, reforçando a necessidade de soluções de edge computing, capazes de processar informações quase em tempo real e complementar as grandes estruturas centralizadas.
O interesse de grandes investidores reforça o potencial bilionário do setor no país. Instituições como Goldman Sachs, BTG Pactual, Patria Investimentos e General Atlantic apostam nos data centers como ativos estratégicos de longo prazo, comparáveis a outros investimentos em infraestrutura essencial. Além do aporte financeiro, esses grupos trazem expertise global, visão estratégica e capacidade de viabilizar projetos em larga escala, seja em modelos hyperscale, colocation ou estruturas voltadas ao edge computing.
A escolha do local para instalação desses empreendimentos é um fator decisivo. A proximidade de grandes centros urbanos garante menor latência e acesso direto ao mercado, mas a disponibilidade e a estabilidade da rede elétrica são cruciais, dado o alto consumo energético dessas operações. Conectividade por fibra óptica, segurança, resiliência a riscos ambientais e infraestrutura já existente também pesam na decisão. Com isso, terrenos adequados tornam-se cada vez mais disputados, valorizando o mercado imobiliário especializado e exigindo investimentos constantes em eficiência energética e sustentabilidade.
As perspectivas para o setor no Brasil são positivas. A digitalização contínua da economia, a incorporação crescente da inteligência artificial em diferentes áreas e o avanço de tecnologias como 5G e realidade estendida reforçam o papel do país como hub regional de infraestrutura digital. Ainda assim, o crescimento traz desafios relevantes, como a necessidade de expansão da oferta de energia — preferencialmente renovável —, a formação de mão de obra qualificada e a adaptação ao ambiente regulatório. A capacidade de inovar, integrar soluções inteligentes na gestão das operações e responder rapidamente às mudanças tecnológicas será determinante para sustentar o avanço desse mercado estratégico para a economia do futuro.






