Nas últimas semanas, o mundo dos negócios e da cultura tem acompanhado dois movimentos curiosos que, embora distantes geograficamente, conversam entre si. De um lado, no Brasil, Valter Moreira Salles, herdeiro do Itaú Unibanco — o maior conglomerado financeiro da América Latina — vem se destacando por seu olhar artístico e atuação no cinema, preferindo os bastidores das câmeras à rotina corporativa do banco.
Do outro lado, nos Estados Unidos, David Ellison, filho de Larry Ellison, o criador da Oracle, trilha um caminho semelhante, mas no setor da comunicação. Mesmo herdeiro de uma das maiores fortunas do planeta, Ellison escolheu o entretenimento como campo de trabalho e hoje está à frente da Paramount Global, empresa que surpreendeu o mercado ao oferecer R$ 250 bilhões pela Warner Bros. Discovery.
Em comum, ambos representam uma nova geração de herdeiros que, ao invés de seguir à risca o legado empresarial da família, buscam encontrar propósito pessoal em suas carreiras — com o apoio e consentimento dos pais.
No caso de Ellison, é evidente que o dinheiro familiar e o aval da Oracle garantem o fôlego necessário para seus projetos, mas também impõem um desafio: provar ao mercado que sua gestão tem mérito próprio. Já no caso de Valter Salles, seu nome é reconhecido mundialmente por produções premiadas, como Central do Brasil, mas ele também enfrenta o olhar curioso de quem associa seu sobrenome a bancos, e não ao cinema.
Essas trajetórias revelam um ponto em comum entre as famílias bilionárias: uma mudança geracional silenciosa, onde o dinheiro e o poder passam a coexistir com liberdade e vocação pessoal.
Mais do que comandar impérios, esses novos herdeiros parecem querer criar histórias — sejam elas contadas nas telas de cinema ou nas grandes fusões da indústria global.






