Navegação pela Baía de Guanabara resgata memórias indígenas e alerta sobre futuro.
A embarcação Águamãe zarpou da Praça XV, no Rio de Janeiro, em uma viagem singular pela Baía de Guanabara. Liderada por Ailton Krenak e Mateus Aleluia, a travessia recontou a história da região, outrora lar de mais de 80 aldeias indígenas e porta de entrada para milhares de africanos escravizados.
A expedição, realizada no último sábado, dia 25, foi promovida pela Associação Selvagem Ciclo de Estudos, em parceria com o Museu do Amanhã e Barcas Rio, integrando a programação da Temporada França-Brasil 2025. Aberta ao público, a iniciativa proporcionou uma imersão nas águas da baía, através de cantos, conversas e apresentações que revelaram histórias muitas vezes negligenciadas.
Participantes como Renata Tupinambá, jornalista e multiartista, compartilharam a importância da língua tupi e a história de resistência do povo Tupinambá, evidenciada pelo retorno do manto sagrado ao Rio de Janeiro. Carlos Papá, artista e líder espiritual, desmistificou a origem indígena de nomes como Ipanema e Jacarepaguá, revelando a herança ancestral presente no cotidiano carioca.
A preocupação com o meio ambiente também foi central. Carlos Papá alertou para a necessidade de reconhecer e valorizar os seres não humanos que habitam a Guanabara, enquanto Cristine Takuá, educadora do povo Maxakali, destacou a importância de aprender com a ética dos coletivos de animais. Anna Dantes, da Selvagem, traçou um paralelo entre os desafios da Baía de Guanabara e a exploração de petróleo na Foz do Amazonas, ressaltando os impactos de um sistema extrativista e colonial.
Ailton Krenak encerrou com uma reflexão sobre a importância de valorizar a vida em si, ecoando a sabedoria ancestral dos povos indígenas e sua conexão com a natureza.
Fonte: agenciabrasil.ebc.com.br



