Em uma noite de celebração e reconhecimento, a escritora Ana Maria Gonçalves tomou posse na cadeira número 33 da Academia Brasileira de Letras (ABL), no Rio de Janeiro. A cerimônia, realizada nesta sexta-feira, foi marcada por homenagens às suas raízes e à ancestralidade, com a saudação inicial: “Benção, mãe. Benção, pai”.
Autora do aclamado romance histórico “Um defeito de cor”, Ana Maria Gonçalves se tornou a 13ª mulher a integrar a instituição fundada em 1897, e a primeira mulher negra a ser eleita para o seleto grupo de imortais. Em seu discurso, a escritora celebrou sua chegada à ABL e dedicou o momento à memória daqueles que a precederam.
Ana Maria relembrou os ocupantes anteriores da cadeira 33, destacando Domício da Gama e o linguista Evanildo Bechara, ressaltando o legado intelectual deste último e seu amor pela língua portuguesa. A escritora também abordou a histórica exclusão feminina na Academia, citando a candidatura vetada de Amélia Beviláqua em 1930 e as pioneiras que abriram caminho para as novas gerações.
Com emoção, Ana Maria refletiu sobre a importância de ampliar as vozes dentro da ABL, reconhecendo o papel das candidaturas de Conceição Evaristo e Ailton Krenak no debate sobre diversidade. Em seu discurso de posse, assumiu o compromisso de promover a diversidade na instituição e abrir suas portas ao público.
A apresentação da nova imortal foi feita por Lilia Schwarcz, que destacou o impacto de “Um defeito de cor” e fez um paralelo entre o passado e o presente. A cerimônia contou com a participação de Ana Maria Machado, responsável pela entrega do colar acadêmico, e Gilberto Gil, que entregou o diploma.
A cerimônia foi vista como um marco histórico. A atriz Regina Casé destacou a importância do momento para uma mulher preta ocupar esse espaço, enquanto o ator e escritor Lázaro Ramos descreveu “Um defeito de cor” como “o livro de sua vida”.
Ovacionada por Ana Maria em seu discurso, Conceição Evaristo definiu a posse como uma conquista coletiva, representando todas as mulheres negras e escritoras. Gilberto Gil exaltou a qualidade do trabalho da escritora e sua profunda consciência sobre o que é ser negro no Brasil. Após a cerimônia, os convidados participaram de um jantar inspirado no livro “Um defeito de cor”.
Fonte: agenciabrasil.ebc.com.br



