Um crime que chocou Piracicaba completa dois anos nesta sexta-feira, 14 de fevereiro de 2020. Trata-se do caso Luis Fernando. O Jornal PIRANOT faz esta reportagem especial para relembrar o ocorrido.
Familiares e amigos entraram em contato com o PIRANOT para informar que o piracicabano Luis Fernando Moura havia desaparecido aqui em Piracicaba na noite de quarta-feira, 14 de fevereiro de 2018. Ele havia sido visto pela última vez por volta das 19h30, ocasião em que disse à família que ia ao Shopping para se encontrar com mais dois amigos. Luis Fernando saiu de casa com um veículo Gol bolinha de cor vinho, placa CNX 9542, e, assim, foi visto pela última vez.
Após quase dois dias de procura, o corpo de Luis Fernando foi encontrado na manhã de sexta-feira, 16 de fevereiro de 2018, em um terreno baldio próximo à indústria metalúrgica Buldrinox, no Santa Rosa. Era por volta das 09 horas. Na época, o caso ficou sob investigação do 4° Distrito Policial do município.
O cadáver de Luis Fernando foi encontrado em decúbito ventral e com um cadarço amarrado no pescoço, o que indicava asfixia; ele também tinha ferimentos por toda a região do rosto. Luis tinha 30 anos de idade e trabalhava como fiscal de caixa em uma rede atacadista de Santa Terezinha.
Apesar do encontro do cadáver, o veículo Gol bolinha de Luis Fernando Moura seguia desaparecido. Policiais apertaram o cerco e intensificaram a procura até que, na madrugada de sábado, dia 17 de fevereiro de 2018, o carro foi encontrado incendiado por volta das 03h15 na Rua Dalton Henrique Garcia, no bairro IAA, zona norte da cidade. O Corpo de Bombeiros teve de ser acionado para apagar o fogo.
Rede nacional
Não demorou muito para que o caso Luis Fernando rapidamente tomasse proporção nacional. Na terça-feira, 20 de fevereiro de 2018, o caso foi ao ar às 16h15 no programa “Cidade Alerta” da TV Record. Na época, Renato Botene (chefe de reportagem do programa), incumbiu a repórter Grace Abdou a deixar a sede da emissora, na Barra Funda, em São Paulo, e vir até Piracicaba para fazer a cobertura do crime.
Com a proporção nacional que o caso tomou, equipes policiais rapidamente descobriram que dois criminosos haviam sido responsáveis pela morte de Luis Fernando. O primeiro, identificado como Anderson de Oliveira, fugiu para a cidade de Jandaia do Sul, no Paraná, após cometer o crime. Sua prisão só foi possível graças a um trabalho minucioso da DIG (Delegacia de Investigações Gerais) e da DISE (Delegacia de Investigações Sobre Entorpecentes), em parceria com equipes policiais de Jandaia do Sul. Após sua prisão, ele foi trazido de volta a Piracicaba, onde chegou às 14h45 da quinta-feira, dia 22 de fevereiro de 2018.
Fotos da chegada de um dos assassinos a Piracicaba
O que se apurou àquela altura foi que Luis Fernando contou ao seu amigo, o outro criminoso até então desaparecido, que havia recebido a rescisão trabalhista do supermercado onde trabalhava; assim, ele achou que a vítima estaria com o dinheiro em mãos e planejou toda a ação junto com Anderson de Oliveira (o assassino das fotos acima). Luis Fernando foi morto asfixiado com o cadarço de um tênis, após ser agredido várias vezes no rosto.
Na ocasião da chegada de Anderson Oliveira, a imprensa local o bombardeou de perguntas. Ele, porém, se limitou somente em negar a sua participação no crime. Além disso, ele sequer chegou a explicar o por quê de ter fugido para Jandaia do Sul.
O outro assassino
No mesmo dia da chegada de um dos criminosos, a Delegacia de Investigações Gerais (DIG) de Piracicaba divulgou a foto do segundo assassino. Era Jordan Rafael Bras, de 20 anos, com quem a vítima tinha amizade e até uma certa relação. A foto divulgada do criminoso foi esta abaixo.
De acordo com o assassino Anderson Oliveira, Jordan Rafael Bras marcou um encontro no Shopping Piracicaba com a vítima Luis Fernando Moura. Ambos combinaram de ir até o shopping com o carro da vítima, e, é sabido que durante o trajeto, eles chegaram a parar o veículo para Anderson adentrar. Assim, os três foram até um canavial do bairro Santa Rosa, onde Luis foi informado do assalto.
A dupla de assassinos acreditava que Luis Fernando estaria com o dinheiro da rescisão trabalhista em mãos naquele dia, porém ele não estava. Ao falar que estava sem o dinheiro, Luis Fernando foi ameaçado. Ele tentou reagir e entrou em luta corporal com um dos criminosos, mas acabou agredido pelos dois.
A dupla asfixiou (e matou) Luis Fernando com as mãos, e para garantir que a vítima realmente estava morta, Anderson Oliveira usou o cordão de seu tênis para amarrar no pescoço da vítima. Em seguida, ele dispensou o tênis no próprio canavial, a poucos metros do corpo. Posteriormente, o tênis foi encontrado pela polícia, o que acabou ajudando bastante na investigação.
O assassino foragido é encontrado e detido
O criminoso Jordan Rafael Braz de Arruda foi encontrado e preso por policiais na tarde do dia 06 de março de 2018, em uma pequena cidade do Estado do Mato Grosso, chamada Poconé. Ele estava na casa de parentes quando foi encontrado. As investigações tiveram início no setor de inteligência da DIG/DISE de Piracicaba e contaram também com apoio da Polícia Judiciária de Presidente Venceslau. Num trabalho conjunto da Polícia Civil dos Estados de São Paulo e Mato Grosso, policiais do núcleo de inteligência da Polinter (Polícia Interestadual) de Cuiabá localizaram e prenderam Jordan.
Por conta da distância, parte do trajeto de retorno de Jordan a Piracicaba teria de ser feita de avião. Três policiais de Piracicaba chegaram a ser enviados até a pequena cidade do Mato Grosso, em nome da Polícia Civil do Estado de São Paulo.
A previsão era de que policiais desembarcariam em Guarulhos, na grande São Paulo, por volta das 23 horas daquele mesmo dia, já com Jordan em mãos. De lá, uma escolta sairia com Jordan até a DIG (Delegacia de Investigações Gerais) de Piracicaba, onde ele seria ouvido e encaminhado para a audiência de custódia. Ocorre que, nesse meio tempo, vazou um áudio de Jordan, onde ele confessa o crime e diz ser membro do PCC (Primeiro Comando da Capital). Foi por isso que Jordan Rafael Bras acabou morto durante um princípio de motim no raio 1 da Penitenciária Central do Estado (PCE), em Cuiabá, onde ele se encontrava detido desde o último dia 06 de março, quando foi preso em Poconé (MT).
De acordo com João Batista Pereira de Souza, presidente do Sindicato dos Servidores Penitenciários do Estado de Mato Grosso (Sindspen-MT), o óbito de Jordan Rafael Bras foi confirmado por uma equipe do SAMU (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência). Informações dão conta de que, como o presídio era dominado por uma facção rival ao PCC, Jordan foi capturado pelos presos e obrigado a beber uma “mistura” dentro da cela.
Diante do homicídio, os três policiais que estavam a caminho da cadeia no Mato Grosso, a fim de trazê-lo de volta a Piracicaba, tiveram de retornar.
Fim do caso
O caso foi encerrado e realmente ficou constatado que dois criminosos foram responsáveis pelo crime: Jordan Rafael Bras e Anderson Oliveira. Jordan pagou o crime com sua própria vida, dentro de uma penitenciária de Cuiabá; já Anderson Oliveira, por ser réu confesso, encontra-se preso até os dias de hoje.
Luis Fernando Moura, a vítima, foi enterrado no Cemitério da Saudade, em Piracicaba. Foi o fim de tudo.