A vereadora Madalena, uma das figuras mais conhecidas de Piracicaba, anunciou ontem (19), que está deixando a política. A sétima mais votada em 2012, ela disse em carta ter sido injustiçada e estar abalada com o desgaste político que vem sofrendo pelas redes sociais.
O anúncio foi feito através de um post no seu perfil no Face book. “Nos últimos anos, tenho exercido o meu mandato de vereadora e procuro atender as necessidades da população mais carente. Aliás, população que me elegeu e, com muito trabalho, tenho tentado levar a ela benfeitorias. Porém, infelizmente, no jogo sujo da política, não é a primeira e não será a última que alguém será injustiçado. Refleti muito e decidi tomar uma decisão de vida. Venho sofrendo acusações infundadas, inverídicas e até deformatórias.”, disse. “Neste momento, quando temos uma nova eleição, pela minha saúde e por este desgaste – por que não dizer esse desanimo, tomei uma difícil decisão. Pedi a retirada de minha candidatura em caráter irrevogável.”, completou.
As agressões que Madalena se refere ocorreram por pessoas contrárias aos seus votos em projetos que pediam, por exemplo, o fim do contrato do Semae (Serviço Municipal de Água e Esgoto) com a Ares-PCJ, que autorizou reajustes em tarifas de água e esgoto em 2015 e 2016. Os vereadores que “votaram contra o povo”, como dizem nas redes sociais, passaram a ter fotos compartilhadas e alguns internautas publicaram mensagens e comentários homofobias e racistas se referindo a parlamentar.
Ainda na carta, a vereadora disse que continuará apoiando as ideias do PSDB e a candidatura de Barjas Negri para prefeito. “Quero, agora, terminar o meu mandato e dar continuidade a alguns trabalhos que venho desenvolvendo para atender à população carente. Peço desculpas a militância, mais ainda assim, no meu bairro, na minha comunidade, estarei sempre atenta para encaminhar como cidadã as suas reivindicações.”, concluiu.
Nesta semana, o Ministério Público publicou uma notícia de inelegibilidade contra a parlamentar alegando que a mesma não sabia ler e escrever.
.
VIDA E CARREIRA – Luis Antonio Leite, a Madalena, nasceu em Piracicaba em 27 de dezembro de 1956. Hoje ela tem 58 anos e entrou para a história por ser a primeira vereadora travesti eleita na região.
Seu primeiro mandato começou em 1º de janeiro de 2013 quando foi eleita pelo PSDB com 3.035 votos, sendo a sétima candidata mais votada de 2012.
Madalena é líder comunitária, mora no distrito de Santa Terezinha, é solteira e declara ter o ensino fundamental completo.
Em entrevistas, a parlamentar contou que adotou o nome de Madalena após sugestões de universitários de uma república na qual trabalhava como faxineira. Foi através do trabalho de diarista que ela conseguiu vários contatos políticos que ajudou na sua entrada para a vida pública.
Quando saiu o resultado das urnas, a vereadora chegou a ser ameaçada de morte caso assumisse o mandato e virou manchete em todo o país.
Recentemente esteve envolvida na polêmica votação de um projeto contra o Semae (Serviço Municipal de Água e Esgoto) no qual votou contra e foi atacada nas redes sociais com ofensas racistas e homofóbicas, porém no começo de maio assinou o pedido para a abertura de uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) contra a autarquia e, poucos dias depois, surpreendeu a todos ao pedir afastamento alegando estar sofrendo de câncer de próstata.
Em agosto, anunciou que tentaria a reeleição, iniciou a campanha, publicou um vídeo com uma paródia da música Bang, da cantora carioca Anita, mas três dias depois surpreendeu novamente anunciando a retirada da sua candidatura.
No mesmo período, o Ministério Público publicou uma noticia de inelegibilidade acusando Madalena de não saber ler e escrever. A decisão cabe recurso.
.
Comente!