O próximo domingo, dia 26, seria de festa para a torcida de um dos 16 clubes na disputa do Campeonato Paulista. Isso porque a data marcaria a decisão do maior campeonato estadual do país, assim como outras dezenas de torneios. Porém, com a crise do Coronavírus, a competição foi paralisada há mais de um mês – e parece longe de ter um fim.
Ainda há duas rodadas a serem disputadas na fase de grupos, o que definirá os últimos classificados – apenas São Paulo e Red Bull Bragantino garantiram presença no mata-mata antes da paralisação – e os dois rebaixados para a Série A2, além de vagas nas competições nacionais como Série D e Copa do Brasil. Isso sem contar, é claro, as quartas de final, semifinal, e o Torneio do Interior. Contando com as duas partidas da final, restam seis datas.
Na última semana, a Federação Paulista de Futebol (FPF) garantiu que o torneio será concluído dentro de campo. “Apesar de alguns não acreditarem ou quererem, todos os campeonatos que começaram vão terminar. Isso é fato. É a grande vontade da maioria dos clubes, mas só vamos voltar a jogar de acordo com as orientações da medicina, da ciência e das autoridades públicas. Não tem asteriscos, vamos terminar, não sabemos quando, não estamos marcando data, dia, hora, mas não há nenhuma possibilidade de casuísmo, de decidir com a caneta. Futebol se decide dentro de campo e é assim que ele será decidido, dentro de campo”, disse Reinaldo Carneiro Bastos, presidente da FPF, em entrevista ao canal Fox Sports.
Porém, a solução parece ser bastante complicada. Isso porque a federação terá de encontrar uma saída para alguns percalços tanto quanto óbvios que dificultam a continuidade do campeonato – pelo menos ainda neste ano. De acordo com Rodrigo Dias, editor do portal sitesdeapostas.bet, a entidade precisará quebrar a cabeça para encontrar uma solução que agrade a todos os clubes. “Há dois grandes problemas, o calendário apertado e o contrato dos jogadores dos clubes menores. É uma situação atípica e difícil imaginar uma resolução que não desagrade ninguém, mas a FPF precisará encontrar essa solução, já que prometeu dar um término ao campeonato dentro de campo”.
Problemas
A partir de maio, em condições normais, é quando o calendário fica mais apertado. Isso porque se inicia o Campeonato Brasileiro, chegam as fases mais agudas da Copa do Brasil, além das disputas da Libertadores e Copa Sul-Americana, que se estendem até o final do ano. De que forma, então, encaixar o Campeonato Paulista? Até mesmo as outras competições deverão sofrer alterações em sua estrutura para “caberem” no calendário, que será mais curto do que o usual, já que ainda não há perspectiva para o retorno.
Um segundo problema é o fato de os clubes pequenos ficarem sem jogadores. Isso porque mais de 140 atletas ficam sem contrato após o próximo domingo, pois foram contratados somente para a disputa do Paulistão (muitos dos times do Paulistão não disputam nenhuma divisão do Campeonato Brasileiro, nem a Copa do Brasil).
Alguns já até assinaram contrato com outros clubes, caso do atacante Ronaldo, um dos destaques do Santo André, time de melhor campanha da competição, que acertou transferência para o Sport Recife, clube que disputará a Série A. O Ramalhão, inclusive, é um dos que mais é afetado: 19 jogadores do clube do ABC ficam sem contrato.
Possíveis saídas
Um dos cenários discutidos é a possível realização do campeonato com portões fechados, sem presença de torcida. No entanto, isso vai contra as normas da quarentena no Estado, o que deve gerar entraves com jogadores, clubes e até mesmo com o Governo, que pode impedir a realização de jogos por colocar em risco a saúde dos atletas e profissionais envolvidos.
Realizar o torneio de forma simultânea com as demais competições, quando a situação for normalizada, também parece inviável. Isso porque clubes como São Paulo, Palmeiras e Santos já terão suas atenções voltadas para Campeonato Brasileiro, Copa do Brasil e Libertadores, e deixariam o estadual em segundo plano – como já acontece mesmo com o calendário normalizado.
Uma terceira opção seria encerrar o Campeonato no ano que vem, mas isso geraria outro problema em relação às vagas de acesso da Série A2 e também de rebaixamento, além de impactar no calendário de 2021.
Já que se nega a encerrar o Paulistão fora do campo, cabe agora à Federação encontrar uma solução que não desagrade ninguém – o que é praticamente impossível.