O General Manager da Fendi, Jean-Marc Gallot, que veio ao Brasil para inauguração da primeira loja da marca no país ©Reprodução
A marca italiana Fendi acaba de abrir sua primeira loja no Brasil. Localizada no shopping Cidade Jardim, em São Paulo, ela foi inaugurada com uma exposição das bolsas Baguette, ícones da grife, incluindo cinco modelos que foram customizados por artistas brasileiros (Nina Pandolfo, Nelson Leirner, Rodolpho Parigi, Leda Catunda e o arquiteto Isay Weinfeld) e cuja verba da venda será destinada a instituições de caridade.
A Fendi foi fundada em 1925 em Roma, por Edoardo e Adele Fendi, como uma loja de couro e peles, e desde 1972 tem direção criativa de Karl Lagerfeld. Em 2001, a marca foi adquirida pelo conglomerado LVMH.
Entre os pilares da grife estão as bolsas Baguette e as peles, que ganharam versão mais leve após a entrada de Lagerfeld. Na loja, há diversos casacos de pele, entre eles os que vêm com uma bolsinha especial para serem transportados em viagens. Virando o casaco do avesso, dá para ver a técnica artesanal usada em sua produção. Segundo a Fendi, muitas clientes brasileiras compram peles em lojas da Europa e dos Estados Unidos e, mesmo com o clima tropical, acredita-se que haverá demanda por esse tipo de produto, que começa na faixa dos R$ 16 mil.
A Fendi no Brasil é supervisionada pela equipe de Nova York, que tem compradores de olho nos gostos e hábitos das consumidoras brasileiras. Na loja, carteiras, bolsas, lenços e vestidos aparecem em versões coloridas, com dois tipos de couro na mesma peça ou interferências gráficas, no caso dos vestidos.
Jean-Marc Gallot, General Manager, estava presente na abertura exclusiva para a imprensa e conversou com o FFW. Leia abaixo:
Segundo a imprensa italiana, este foi considerado o annus horribilis para as galerias de arte na Itália e a Bienal de Veneza sofreu críticas duras por conta do enfoque na arte dos anos 60 e 70, que são mais vendáveis. Qual o reflexo da crise europeia no consumo de bens de luxo?
Essa é a beleza de trabalhar no mercado de luxo. Este ano tivemos um desenvolvimento muito importante, e ele veio especialmente de novos países, como o Brasil, a China, países do Leste Europeu e da Ásia. Na Itália e na Europa nós também nos desenvolvemos, mesmo com algumas mudanças provocadas pela economia em crise. Mas nós estamos otimistas em relação à Europa. É duro, não é um momento fácil, mas temos energia e paixão e gostamos de pensar em um futuro melhor. Mas o Brasil é um dos países chave para a Fendi agora. Nosso papel é trazer alegria e sonho para as pessoas.
Antigamente a palavra luxo significava exclusividade e hoje as marcas querem que cada vez mais pessoas consumam seus produtos. O real significado da palavra luxo mudou?
Essa é uma ótima pergunta. Quando você anda por uma loja da Fendi, você vê peças extraordinárias, como esse casaco de pele, pelos preços mais altos, mas também acessórios de couro com um bom preço. E conseguir esse preço é um desafio, mas para nós, esperança é a palavra chave. Queremos que cada vez mais pessoas tenham acesso a isso, queremos dividir nossos produtos com cada vez mais gente. Há um grande debate sobre isso. Ou você é muito exclusivo ou muito em evidência e aí se torna popular.
O importante é ter um sentido forte de criatividade, personalidade única e fazer o cliente se sentir especial. Se ele conseguir se sentir assim através de produto, serviço e experiência, esse é o nosso objetivo. Temos concorrentes fortes ao nosso lado e o que podemos oferecer é essa sensação de exclusividade.
Hoje os mercados principais para o consumo de luxo são Brasil, Rússia, China e Japão. As mulheres desses países têm hábitos e gostos diferentes dos das europeias. A marca faz adaptações no processo criativo para comunicar de forma mais efetiva com essas novas clientes?
Para o Brasil, fizemos uma Baguette e um lenço especiais, inspirados nas cores brasileiras, mas nossas coleções são sobre design italiano, que é nossa raiz. Não fazemos produtos específicos, é a mesma coleção para o mundo todo. O que acontece é que nós ouvimos os clientes e seus comentários para sempre melhorar nossa entrega.
Qual o papel da sustentabilidade na Fendi? Como produzir luxo sem desperdício?
É um valor muito importante não só para a Fendi, mas também para a LVMH. As coisas podem ser percebidas apenas como luxuosas e caras, mas há um respeito muito grande por trás da produção de cada item. Desde as peles ao couro, há um grande senso de responsabilidade, de não desperdiçar e não aceitar nada que não seja controlado ou desconhecido. Cada vez mais as empresas de luxo vão atuar dessa forma porque estão muito expostas. E hoje, não há como não pensar e agir assim.