Geralmente, quem começa a escrever o faz sem saber por quê; pensa que é por necessidade, por uma exigência de seu temperamento, por um desejo ou por muitas outras coisas às quais costuma atribuir um porquê.
Escreve-se e continua-se escrevendo, hoje sobre um conhecimento e amanhã outro. Primeiro se escreve para satisfazer às necessidades da vida, tratando de alcançar, por meio do escrever, uma posição, e solucionar ao mesmo tempo muitas das situações que a própria vida apresenta. Muitos não sentem a necessidade de dar um passo além, por não acharem o incentivo ou um objetivo capaz de propiciar.
A arte de escrever consiste em começar ensinando primeiro a si mesmo, escrevendo depois para os demais. Um saber pode ser transmitido bem ou mal pelo que escreve, mas, o fato de transmiti-lo mal não tem porque implicar má intenção ou má vontade; comumente é transmitido de forma errônea, por não o haver entendido bem, vivido e incorporado a si mesmo.
Para divulgar saberes e sabores, deve-se sempre situar a si mesmo na posição mais generosa, qual seja a de transmitir sem mesquinhez, saber dar sabor e sempre saber ensinar.
O livro é uma tocha convertida em luminária que passando de mão em mão, através das gerações, continuará iluminando a vida dos que buscam no aperfeiçoamento de si mesmos a própria inspiração. Do saber surge o despertar promissor de uma vida saborosa e fecunda, destinada a cumprir altos desígnios de bem.
A vida do escritor é o campo experimental onde têm muitas batalhas e onde cada um vence ou é derrotado; mas é, também, o cenário onde o espírito se tempera verdadeiramente e aonde, pouco a pouco, com vontade e entusiasmo grandes, vai se lavrando um saboroso e elevado destino.
Sabemos como escrever e ensinar diversos tipos de saberes. E, se cada texto é uma revelação do coração de quem escreve, podemos saborear os saberes mais diversos quando são mais de uma dezena de escritores que participam dessa antologia.
PILAR CASAGRANDE
Presidente do CLIRC