GABRIELA, COCAÍNA E CRAQUE!
Estou aqui porque errei. Infringi a lei, caminhei na contra mão da ordem social. Sofro as penalidades dentro dos rigores da lei, do certo e do justo, para a correção de meus atos falhos do meu passado. Se eu pequei, Deus irá me julgar após minha morte, por hora o peso da mão da justiça humana me castiga; ensinando-me a caminhar pelo lado correto da vida mortal.
Aqui dentro, presa, enclausurada, penso na vida que corre lá fora, assisto de longe as transformações mundiais, sinto o sol e o vento por uma fração de segundos através dos vãos dessas barras de ferro. Mato a saudade dos meus familiares nos dias de visita, presença que me conforta, que traz esperança para que um dia, no final de minha pena, eu possa de fato respirar o ar como ele realmente é; sentindo a brisa do vendo por todas as direções, sentir-me aquecida com o sol a pino e sentir o toque de um verdadeiro abraço.
Tudo começou com uma grande paixão, um amor que cegou meus valores, corrompendo minha alma, que por fim denegriu minha imagem de cidadã. Era uma vez Gabriela – sem cravo e canela no nome, que em um baile na periferia perto de sua casa, conheceu Ricardo. Era uma vez Ricardo, um lindo rapaz moreno com um sorriso cativante, dono de lindos olhos verdes e galanteador como uma flor, porém provocou toda a minha dor.
No início tudo parecia um conto de fadas: recebia flores, bombons, roupas. Ricardo me levava para comer fora, para ir ao cinema, pagava os motéis mais caros da cidade. Nunca o questionei de onde vinha o seu dinheiro, porém meus pais sempre desconfiavam de seus súbitos sumiços. Após oito meses de repleta felicidade, Ricardo começou a mudar, ficava nervoso e estressado por qualquer coisa, recebia telefones e saia de repente. Ele dizia que eram problemas no trabalho e que tudo isso ainda iria passar.
Na manhã em que comemoraríamos dez meses de namoro, ele me pediu o favor mais caro de toda a minha vida. Chegou cedo em minha casa e pediu para que eu levasse uma mala para seu primo que morava em uma cidade vizinha. Disse que eram roupas que ele havia esquecido quando passou um tempo em sua casa e que não teria tempo para levar. Deu-me o dinheiro de ida e volta da passagem, o número do telefone celular desse tal primo Vagner e me levou até a rodoviária.
No meio do caminho em um posto da polícia rodoviária, uma blitz fez com que todos descessem do ônibus. Fomos revistados e nossas bagagens também. Não houve como me explicar, pois após a revista, encontraram 10 quilos de drogas no meio das roupas: 05 quilos de cocaína e 05 quilos de craque.
Errei ao me entregar para um homem que eu nem sabia quem ele realmente era e nem onde morava. Nunca conheci nenhum dos seus amigos ou familiares. Se seu nome for mesmo Ricardo, seu paradeiro é desconhecido até hoje, enquanto que o meu…