Homofobia: opinião pessoal ou cerceamento de direito?





O Caso:





Em debate presidenciável, realizado na noite de domingo, 28, na TV Record, o candidato Levy Fidelix (PRTB) associou a homossexualidade a pedofilia, e afirmou que duas pessoas iguais não geram filhos e que “o aparelho excretor não reproduz”. Além disso, para Fidelix, os homossexuais precisam de atendimento psicológico “bem longe daqui”.

O que entra em pauta atualmente em nossa sociedade é a distinção entre expressão de opinião e expressão de cerceamento de direitos, ou seja, a restrição, a coerção, a opressão e a discriminação de um grupo ou parcela da sociedade, neste caso a população LGBT (lésbicas, gays, bissexuais e transgêneros).

É comum e inerente nos depararmos com comentários da espécie ‘tudo está ficando muito politicamente correto’, ‘os gays acham que só eles sofrem preconceitos’, ‘eles se vitimizam muito’. Na verdade, estes são os argumentos de falsos ‘não homofóbicos’ para desfigurar e menosprezar a luta pelo os direitos LGBT’s. Segundo o GGB (Grupo Gay da Bahia), um homossexual é morto por homofobia a cada 36 horas no Brasil e de acordo com um estudo feito pela USP (Universidade de São Paulo) em 2014, sete em cada dez homossexuais brasileiros já sofreram algum tipo de agressão, física ou verbal.

Ou seja, não é uma questão de ego, complexo ou de retaliação pessoal contra os heterossexuais. Não é preciso ser homossexual para apoiar o movimento em busca de justiça e mais direitos para essa população que, muitas vezes, é excluída da sociedade desde criança. A homofobia é um problema que assola a todos, é um problema educacional e de segurança pública. “Dois iguais não geram filhos”, mas são gerados por casais compostos de sexos opostos.

Os LGBT’s tem famílias e podem sim constituir famílias, afinal, ‘toda criança adotada por um homossexual foi abandonada por um heterossexual’. E, o que muita gente ainda desconhece é, que, o casamento gay já é permitido no Brasil, por meio da União Estável, em vigor desde maio de 2011.

Recentemente, o caso da torcedora do Grêmio, Patrícia Moreira, flagradas pelas câmeras de transmissão do jogo chamando o goleiro Aranha de macaco, repercutiu em âmbito internacional. Neste caso, foi perceptível o sentimento de repúdio dos brasileiros em relação á incitação racista da torcedora. Mas, infelizmente, não é possível ver esse mesmo repúdio quando se refere á incitações de ódio e violência (verbais ou físicas) aos LGBT’s. O que se vê são ambiguidades de pensamentos retrógrados e discriminatórios que se baseiam em preceitos de liberdade de expressamento de opinião.

A liberdade de opinião é abolida quando se infringe o direito alheio. Racismo, homofobia e sexismo não são opiniões. São incitações de ódio e segregações de pessoas. Portanto, Levy Fidelix e cidadãos que compactuem do mesmo preconceito: em nossa sociedade há cada vez menos espaço para esses discursos retrógrados e arcaicos. E, aliás, caro candidato, desde 1985 no Brasil [e em 1990 na Organização Mundial da Saúde] a homossexualidade (antigamente denominada como homossexualismo) deixou de ser considerada um desvio sexual, distúrbio ou doença, e desde então os psicólogos não prestam serviços que proponham tratamento ou a cura da homossexualidade.

Felipe Gonçalves / Foto: Rodrigo Soares
Felipe Gonçalves / Foto: Rodrigo Soares

Felipe Gonçalves é ator e estudante de jornalismo na Universidade Metodista de Piracicaba. Conhecido por fazer entrevistas com personalidades da mídia. Entre elas: Ary Toledo, Christian Pior, Nany People, Narjara Turetta, Léo Áquilla, Fabio Audi, entre outras. Além de teatro, fez participações na TV e em obras audiovisuais.





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