Morreu na manhã de hoje (26), em plena quinta-feira, o humorista Jorge Loredo, o Zé Bonitinho, em decorrência de falência múltipla de órgão. Ele tinha 89 anos e estava internado desde fevereiro no Hospital São Lucas, na zona sul carioca.
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HISTÓRIA
Jorge Loredo entrou em cena pela primeira vez como o Zé Bonitinho, um dos personagens mais marcantes do humor brasileiro, em 1960. Os risos do auditório nesta apresentação deixaram o ator contrariado. Para ele, aquele papel seria como um drama e não uma comédia.
Foi necessário Chico Anysio conversar com o amigo para ele perceber que o que havia ocorrido era sinal de um grande sucesso. Depois desse dia, Jorge Loredo deixou de ser conhecido pelo próprio nome e passou a ser chamado de Zé Bonitinho por milhares de brasileiros.
Em uma entrevista ao site do SBT, em 2010, Loredo contou que teve uma infância e uma adolescência difíceis: “Foram muito doentias. Eu tive um machucado na perna que se transformou em uma doença chamada osteomielite, que me perseguiu até os 46 anos de idade”. Além disso, o ator teve um problema pulmonar aos 18 anos e fumou dos 12 aos 80 anos.
INÍCIO DA CARREIRA
Antes de virar ator, Loredo trabalhou em um banco e também se formou em Direito: “O chefe do Departamento Pessoal disse para eu procurar um teste vocacional. O resultado foi ‘Magistério, diplomacia, tendência a pesquisas e atividades exibicionistas’. Eu perguntei para o psicólogo o que devia fazer. Ele disse para eu procurar uma faculdade de Direito e uma escola de Teatro. Foi o que fiz. Eu me formei em advogado e entrei para escola de teatro”.
Como advogado, ele chegou a trabalhar no Sindicato dos Artistas, no Rio de Janeiro, na área de Previdência Social e Direito do Trabalho.
ARTE
Quando se tornou ator, Loredo não sabia que tinha uma veia humorística: “A coisa foi surgindo naturalmente. Quando eu vi, estavam dizendo que eu era engraçado, mas eu não me achava engraçado. Foram as pessoas que descobriram e me falaram”, contou.
O ator também costumava falar que duas pessoas tiveram uma influência muito positiva em sua vida: Manoel de Nóbrega e Chico Anysio: “Esses dois foram os que me seguraram e me apoiaram. Não estou desmerecendo os demais, mas eles foram os que acreditaram em mim e me deram oportunidade”.
Antes de dar vida a Zé Bontinho, Loredo substituiu o ator Borges de Barros em “A Praça da Alegria”, que se mudou de São Paulo para o Rio de Janeiro. Foi aí que Jorge Loredo foi convidado por Manoel de Nóbrega para fazer o Mendigo Aristocrata, que era interpretado por Barros: “Ele me deu o roteiro e, como eu já tinha uma educação teatral, fui feliz na criação de um personagem completamente diferente do Borges. Foi através desse personagem que o pessoal da televisão passou a acreditar em mim e os outros personagens surgiram. Eu trabalhava antes na TV, mas em pequenos quadros. Quem me projetou, me deu a primeira oportunidade pra valer foi o Manoel. Aí o Chico Anysio me viu fazendo esse Mendigo e eu disse para ele que tinha um tipo que era o Zé Bonitinho”.
ZÉ BONITINHO
No início, o personagem era uma imitação que Jorge Loredo fazia de um amigo seu de adolescência: “Evidentemente, exagerei nos óculos, no pente… O personagem foi surgindo, mas o nome dele era ‘Bárbaro’. Eu descobri ‘Zé Bonitinho’ ao ver um garçom numa churrascaria em que eu estava reclamando da comida. O garçom disse que ia chamar o cozinheiro que era muito metido a bobo e ele disse ‘Zé Bonitinho, vem cá’. Quando o cozinheiro chegou, era um cara horrivelmente feio, com um dente só na frente. Comecei a rir e surgiu o apelido de Zé Bonitinho”, contou o ator ao site do SBT em 2010.
Na mesma entrevista, Loredo revelou o que sentia quando lembrava que havia alcançado mais de cinco décadas de carreira: “Tem hora que eu não acredito que eu passei por tudo isso. Eu digo ‘Pelo amor de Deus! Quanto tempo eu já passei isso!’. E estou aqui até o dia que me for permitido”, afirmou.
FAMÍLIA
Jorge Loredo foi pai duas vezes. A primeira vez aos 46 anos e a segunda aos 50.