Mesmo após assassinato, “matinha” continua atraindo frequentadores





Foto: PiraNOT
Foto: PiraNOT

Mesmo depois do latrocínio (roubo seguido de morte) no dia 27 de Dezembro de 2014, o movimento na “matinha”, da Avenida Renato Vagner, atrás do lar dos velhinhos, continua intensa. O local é conhecido entre os homossexuais pela prática de voyeurismo (ato que consiste num indivíduo conseguir obter prazer sexual através da observação de outras pessoas).

Foto: Arquivo Pessoal
Ativista conversou com o PiraNOT e deu detalhes sobre a avenida do sexo – Foto: Arquivo Pessoal

Depois de quase quatro meses do crime que vitimou um homem de 42 anos, viúvo, morador de Santa Barbara do Oeste – SP, o PiraNOT voltou ao local e acompanhou em dois dias, às 9, 15 e 23 horas, o movimento na avenida que tem público oriundo de cidades de toda a micro-região. Em todas as vezes que passamos pelo local, mais de sete veículos e seus donos estavam na avenida em busca de sexo com outros homens.

Para o ativista LGBT, Anselmo Figueiredo (foto), muitos procuram na avenida o prazer misturado com aventura. “No começo eu achava que se tratava de espaço de pegação apenas entre gays que não tinham dinheiro para pagar um motel, ou porque eram enrustidos… Mas hoje percebo que não é só isso. Existe um fetiche muito grande em fazer sexo em lugares escondidos, clandestinos, correr perigo, aventura” disse ele que com a ONG Casvi (Centro de Apoio e Solidariedade à Vida), realiza trabalhos no local todas as sextas-feiras das 15 às 18 horas. “A ONG realiza uma ação semanal na matinha onde distribuímos preservativos, gel lubrificante e orientações sobre direitos”.





O PiraNOT não adentrou na mata como fez em 2014 para captar imagens para uma reportagem investigativa, mas acredita que o público no local é ainda maior porque conforme adiantado naquela época, muitos dos frequentadores deixam, para disfarçar a ida ao local, seus carros estacionados no shopping que fica na outra margem do rio, ou então, moradores de bairros próximos usam a desculpa de ir caminhar ou andar de bicicleta na avenida para se misturar aos demais.

Além de sexo as margens do rio, muitos usam o local para consumo de drogas. No final do ano passado, após a morte do homem, a Prefeitura da cidade disse que faria mudanças na avenida que passaria a receber o projeto beira rio, mas até então nenhuma melhoria, nem mesmo o policiamento foi intensificado no local.

Procuramos o Departamento de Comunicação do poder executivo de Piracicaba, mas até a publicação não obtivemos retorno.

REVITALIZAÇÃO DA AVENIDA NÃO É SOLUÇÃO – Em entrevista ao jornalista Júnior Cardoso, Anselmo Figueiredo descartou a possibilidade de que uma revitalização acabe com a prática de voyeurismo no local ou na cidade. Ele usou como base para expressar a sua opinião o que ocorreu antes desse lugar passar a ser usado pelos homossexuais para tal prática. “Aqui em Piracicaba, até início dos anos 2000, era no Mirante, que chegou a ser apelido pela comunidade gay de “Michelândia”, por conta da grande frequência de michês / garotos de programa. Toda cidade, por menor que seja, tem um lugar desse” disse.

Figueiredo comenta ainda o tipo de público do local. “Tem muitos homens que tem prática sexual com outros homens e não se consideram gays, as vezes nem mesmo bissexual. Muitos que ali frequentam tem medo de sair do armário, são casados com mulher e tem filhos” disse.





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