Dengue já matou em Piracicaba três pessoas desde Janeiro





Foto: Cruzeiro do Sul
Foto: Cruzeiro do Sul

O índice de fluorescência – que informa a porcentagem de ovos que receberam o gene autolimitante do Aedes aegypti do Bem – ultrapassou 70%. O número indica que a cada 100 ovos recuperados na região do Cecap/Eldorado, que recebe o projeto desde o final do mês de abril, ao menos 70 não devem sobreviver até a fase adulta funcional.

A expectativa é que nos próximos meses tenha início a diminuição do mosquito transmissor da dengue, chikungunya e da zika naquela região. “Imaginamos ver o início da supressão já em meados de outubro”, afirmou Guilherme Trivellato, gerente do Projeto Aedes aegypti do Bem em Piracicaba.

Segundo Trivellato, a taxa de cópula pode ser identificada por meio de armadilhas (ovitrampas) distribuídas estrategicamente na área tratada com os mosquitos geneticamente modificados. “Ao analisar em laboratório os ovos depositados nas armadilhas, conseguimos identificar quantos são do Aedes aegypti selvagem e quantos são do Aedes aegypti do Bem e, pelo monitoramento, nas quatro últimas semanas essa taxa foi superior a 70%. Com esse desempenho, ao longo do tempo esperamos a redução do número de ovos. Isso vai ao encontro do objetivo do projeto”, disse.





Os primeiros resultados do projeto foram apresentados na tarde desta quarta-feira (21), em coletiva de imprensa. Para o prefeito Gabriel Ferrato, os números demonstram que Piracicaba está no caminho certo ao usar essa tecnologia. “Foi importante Piracicaba ter adotado essa iniciativa. Quem sabe não seja um bom caminho para tratar a questão da dengue, que se mostra cada vez mais resistente. É um bom início para um novo enfrentamento dessa doença que mata e não podemos perder seres humanos por conta dela”, afirmou o prefeito.

O secretário de Saúde, Pedro Mello, afirmou que, mesmo com a intensificação e ampliação no combate e prevenção ao mosquito, foram registrados três óbitos pela doença este ano no município. “Estamos buscando um novo caminho e os primeiros resultados são animadores. Trabalhamos duro e mesmo assim estamos com 3.254 casos confirmados este ano e infelizmente registramos três mortes”, afirmou.

Ocorridos em maio e confirmados no final de semana, os três óbitos foram de idosos, sendo um homem de 60 a 69 anos e uma mulher na mesma faixa etária, ambos moradores da região Oeste do município e um homem com mais de 80 anos da região central. “Piracicaba está buscando alternativas não só à dengue, mas também à chikungunya e à zyka, que também são transmitidas pelo Aedes aegypti. Temos que acabar com o mosquito, porque ele está extremamente adaptado ao nosso meio ambiente”, alertou Mello.

Professora da Unimep (Universidade Metodista de Piracicaba) e membro do Comdema (Conselho Municipal de Defesa do Meio Ambiente), Sílvia Gobbo destacou a positividade dos resultados obtidos neste início do projeto. “O controle biológico é uma aposta para controlar uma praga que transmite inúmeras doenças, muitas delas que ainda nem chegaram ao país. Essa taxa de cópula significa que a maior parte dos ovos recolhidos já são de descendentes do Aedes do Bem e, portanto, não vão resultar em mosquitos adultos. Este resultado é animador, porque ao diminuir a quantidade deles, as doenças também tendem a diminuir”.





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