O Ministério da Saúde anunciou nesta terça-feira (20) o cronograma de entrega dos novos medicamentos adquiridos pelo Brasil no exterior para o tratamento da hepatite C, por meio do Sistema Único de Saúde (SUS).
O Distrito Federal já recebeu os primeiros lotes dos remédiossufosbuvir e daclatasvir, que serão entregues aos 26 estados até o início de novembro. Já o terceiro medicamento que compõe o tratamento, o simeprevir, será colocado na rede pública de saúde até dezembro.
Esses medicamentos estarão disponíveis até o final do ano para 30 mil pacientes do SUS com hepatite C. O investimento federal é de R$ 1 bilhão na importação dos remédios fabricados no Canadá, Estados Unidos e Holanda.
“É um esforço extraordinário que o Ministério da Saúde faz para demonstrar o seu comprometimento para tratar uma doença com consequências tão graves, que leva à cirrose e ao câncer de fígado”, afirmou o ministro Marcelo Castro.
Ele comparou a oferta pelo SUS dos mais modernos e caros medicamentos já fabricados para tratar a hepatite C à disponibilização de remédios contra a AIDS. O ministro ressaltou o fato de o número de soropositivos no País ser 50% menor que a quantidade de infectados em potencial pela hepatite C.
“Esse momento é equiparável àquele, lá atrás, quando nós começamos a fazer os tratamentos antirretrovirais contra a AIDS. A AIDS acomete 720 mil brasileiros e a hepatite C, muito provavelmente, 1 milhão e 400 mil pessoas”, comparou.
Os novos medicamentos dobram as chances de cura da hepatite em relação ao tratamento até agora aplicado, que incluía a injeção de remédios com efeito colateral. No modelo convencional, as chances de cura variam de 40% a 47%, após tratamento realizado entre 48 e 52 semanas.
Já o tratamento com os três novos remédios dobram as chances de cura da doença. “Essas drogas revolucionárias, inovadoras, colocam o Brasil numa posição de vanguarda no tratamento dessa virose tão importante para a saúde pública brasileira e mundial. Elas têm o poder de curar, por via oral, com apenas 12 e no máximo 24 semanas (de tratamento), aproximadamente mais de 90% dos casos”, observou Castro.
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DESCONTO – Os medicamentos adquiridos pelo Brasil têm patentes registradas em outros países, o que impende a produção nacional a custo mais baixo. Apesar disso, Saúde conseguiu reduzir drasticamente o custo do tratamento para os pacientes do SUS.
“Tivemos ágeis negociadores e alto poder de compra”, disse Castro, em referência à negociação conduzida pelo ex-ministro Arthur Chioro.
A média mundial de valor dos medicamentos, de acordo com o ministério, varia entre US$ 40 mil e US$ 50 mil. Como o Brasil comprou o sufosbuvir, daclatasvir e o simeprevir em escala, o preço do tratamento caiu para US$ 9,6 mil. Isso significou uma redução de preço entre 316,7% e 420,8%, em relação à média mundial.
A negociação brasileira foi reconhecida como exitosa pelo jornal médico The Lancet. A publicação britânica mostrou elencou custo do novo tratamento da hepatite C por país, apontando o Brasil como o de menor custo entre aqueles que foram analisados.
De acordo com o jornal especializado – um dos mais importantes do globo -, a Dinamarca, por exemplo, gasta entre US$ 82 mil e US$ 92 mil no tratamento da hepatite C com os três medicamentos. No Reino Unido, os valores encontrados pela Lancet variaram de US$ 72,9 mil a US$ 76,5 mil.
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A HEPATITE C – As pessoas que passaram por alguma cirurgia antes de 1993 podem ter contraído hepatite C, em razão de infecção hospitalar por meio de transfusões de sangue. Até aquele ano não havia diagnóstico da doença, cujos sintomas podem demorar até 20 anos para se manifestar. A doença mata entre 350 mil e 700 mil pessoas por ano no mundo.
O tratamento da doença começou no Brasil há 13 anos. Já foram confirmados 120 mil casos no País, dos quais 100 mil foram tratados. São cerca de 10 mil novos casos por ano. Outras formas de transmissão são o uso de drogas injetáveis, tatuagens e hemodiálise.
Foram realizados 15.821 tratamentos pelo SUS em 2015. O sistema já cadastrou 11 mil pessoas como potenciais pacientes do novo modelo de tratamento, seguindo os critérios de classificação definidos pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
“Ainda temos um crédito de 19 mil tratamentos. Nenhum brasileiro que tem seu diagnóstico protocolado pela Organização Mundial da Saúde deixará de receber tratamento pelo SUS”, afirmou Castro.
Reportagem do Portal Brasil