VICTOR PALMA | Presidente do Banco Central investigado; Pressão na economia; Aras e a PGR; Pacote de Segurança









PRESIDENTE DO BACEN INVESTIGADO

O Tribunal de Contas da União (TCU) abriu investigação contra Campos Neto por comentários sobre uma suposta terceirização na gestão de ativos do Bacen, incluindo as reservas internacionais. A fala desastrosa foi dada durante entrevista à uma gestora de ativos e teve rápida repercussão política e institucional. Talvez, menor repercussão econômica nos mercados de capitais do que deveria, dada a gravidade de seu teor, que impacta profundamente em relações de risco moral e de reputação institucional.

PRESIDENTE DO BACEN INVESTIGADO (2)

As reservas internacionais de um País não representam uma mera poupança. Sua existência, um dos grandes trunfos do governo Lula 2, está intimamente ligada à nossa credibilidade junto a organismos internacionais que vêem nelas a garantia de que podemos sobreviver a flutuações econômicas sem ter que recorrer a empréstimos internacionais, como fazíamos na década de 90 com o FMI. Sua terceirização envolveria riscos que vão desde a nossa soberania, até uma eventual indisponibilidade desses recursos, decorrente de uma má gestão ou mesmo, de um uso conflitante com interesse público.

PRESIDENTE DO BACEN AINDA MAIS PRESSIONADO

A fala infeliz do atual presidente do BACEN não é a maior das pressões que o mandatário da economia enfrenta. A nova deflação apurada no mês de julho, pelo IPCA-15, demonstra que há um amplo espaço para a redução da taxa SELIC. O que pode tornar insuficiente uma queda de 0,25 p.p. na próxima reunião do COPOM, no início de agosto. A nova pressão se transfere da redução em si, para a magnitude necessária. E o humor das redes varejistas e do setor agrícola, que sente diretamente o impacto cambial da manutenção deste patamar de juros, começam a se aproximar da insatisfação do demonstrada publicamente pelo governo federal.

SERÁ QUE ARAS TEM CHANCE NA PGR COM LULA?

Nos bastidores da política, Aras ganha improváveis aliados próximos de Lula fazendo campanha aberta pela sua recondução, são eles Jaques Wagner (PT) e Rui Costa (PT). Por mais improvável que a ideia pareça, dada a proximidade com Bolsonaro, seus defensores destacam sua atuação como um dos grandes algozes da LavaJato. O atual PGR assinou decisões que foram fundamentais para enterrar a operação e expor seus principais nomes, especialmente depois que Moro se afastou do governo Bolsonaro. Seus defensores destacam sua atuação quase canina para proteger Bolsonaro, como uma de suas qualidades mais evidentes.

SERÁ QUE ARAS TEM CHANCE NA PGR COM LULA? (2)

No entanto, a ideia não é só pouco provável, como praticamente impossível de ser sustentada junto à base petista. Aras não foi apenas algoz da LavaJato. Ele e sua vice, a procuradora Lindôra Araujo, deram posicionamentos pouco ortodoxos para blindar Bolsonaro de acusações de crimes durante a pandemia. O procurador passou efetiva segurança ao clã Bolsonaro, arquivando imediatamente, qualquer investigação que se aproximasse. Lindôra, por sua vez, relativizou até o uso da máscara para que ele não se responsabilizasse pelas situações que não a utilizou durante o ápice da pandemia. De qualquer forma, uma recondução de alguém que fez tamanha proteção à malfadada gestão sanitária bolsonarista, seria demasiadamente incoerente. Especialmente para aqueles que o apelidaram o ex -presidente de genocida. Seria uma chancela tácita à gestão bolsonarista.

SERÁ QUE ARAS TEM CHANCE NA PGR COM LULA? (3)

Com chances ou não, o ex-procurador segue em franca e intensa campanha, fazendo vídeos institucionais e utilizando de maneira intensa e pouco usual, o Twitter, para descrever suas realizações. Feitos estes, que segundo ele, membros do Ministério Público vêm tentando apagar através de sistemáticas “sabotagens”. Aras afirma ter aberto investigação para apurar supostos apagões em áreas do MPF e sumiços de processos e arquivos de sistemas, que seriam realizados apenas para manchar sua gestão à frente do órgão.

PACOTE DE SEGURANÇA PÚBLICA

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o ministro da Justiça, Flávio Dino, anunciaram nesta última sexta-feira (21) um pacote de medidas voltadas à Segurança Pública, com impactos em áreas ideologicamente sensíveis. Dentre os principais destaques estão: (1) restrição à armamento de uso restrito, maior fiscalização de clubes de tiros com retorno do impedimento de transporte municiado e retirada da decisão do Exército quanto à concessão de porte; (2) aumento das penas para crimes contra o Estado Democrático de Direito; (3) fortalecimento financeiro do Plano Amazônia, com implantação de bases terrestres e fluviais; (4) transforma em crime hediondo aquele cometido contra escolas e; (5) destina recursos bilionários à segurança pública de Estados mais violentos, para investimento em armamento, tecnologia e inteligência.

PACOTE DE SEGURANÇA PÚBLICA (2)

Embora o tema segurança pública seja um dos mais complexos e de difícil solução, as medidas anunciadas parecem bastante acertadas quando colocadas à luz dos fatos. Por mais que CACs reclamem das novas restrições, parece pouco razoável imaginar que uma pessoa precise manter em sua residência, para uso pessoal, até 30 armas de uso anteriormente restrito. As novas medidas não retiram as permissões antes concedidas, apenas reduzindo para uma proporção razoável (se é que existe), a quantidade de armas em permissões futuras. Quanto à responsabilidade da Polícia Federal na análise de porte, é algo natural e esperado, após o descontrole confidenciado pelo próprio exército, no seu registro de concessões.

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O pacote traz um significativo aporte financeiro às forças policiais e de fiscalização de crimes ambientais, algo que era inquestionavelmente necessário e, tampouco cabe críticas, exceto se optássemos por relativizar delitos urbanos ou florestais. Há sim que combater o desmatamento na Amazônia, para garantirmos que nossas florestas e águas, bens tão essenciais e valiosos, não sejam rápida, criminosa e tragicamente transformados em grandes campos de soja, matéria prima que, em grande parte, servirá apenas como ração para o gado que alimenta majoritariamente as grandes potências, que seguem investindo em cadeias produtivas com melhores salários e maior complexidade que as nossas.

PACOTE DE SEGURANÇA PÚBLICA (4)

Por sua vez, por mais que se possa dar colorações ideológicas, muitas delas equivocadas e pouco civilizadas, à discussão sobre os crimes contra o Estado Democrático de Direito, é inequívoco que o ambiente escolar precisa de maior proteção e embora, muito provavelmente, as medidas careçam de melhor análise de especialistas, representam uma louvável tentativa de dar suporte a Estados e municípios para minimizar essa trágica onda de violência contra crianças e estudantes.

Até semana que vem, caros eleitores!

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