CARTA | “Minha equipe achava que eu me mataria”; “Cheguei a ter pavor do PIRANOT e engordei 45kg”; “É só um comentário de rede social”

Passou da hora de entendermos o quão sério está os dias de hoje.

Foto: Wagner Romano / Jornal PIRANOT





Há pouco, noticiei a morte de PC Siqueira, que é da mesma época em que comecei na internet. Minha carreira migrou do entretenimento para o jornalismo local, enquanto ele e alguns outros continuaram no âmbito nacional. Siqueira é um dos pioneiros da internet, do YouTube…





Por volta de 2019, os ataques a mim e ao PIRANOT atingiram um ponto tão extremo que, como já compartilhei em uma carta aqui no Facebook, cheguei a ter medo de escrever qualquer notícia. Nesse período, um dos meus funcionários, não me recordo do motivo, passou pelo apartamento em que eu morava. Eu costumava deixar a porta aberta, pois o prédio era seguro, com muitas câmeras e segurança privada. No entanto, ele a encontrou trancada.

Eu não ouvi a campainha e ele ficou desesperado. Ao acordar, li no grupo de trabalho da empresa minha equipe em pânico, e ele já estava prestes a ligar para a polícia. Tive que ter uma conversa séria com a equipe, literalmente afirmando que não cometeria suicídio. Sim, tive que conversar com minha equipe sobre não cometer suicídio.

Após esse episódio, iniciei a terapia, reassumi o comando da minha vida, da empresa, do PIRANOT… e logo veio a pandemia, entre outras coisas.

Muitos seguidores carinhosos, ao me ouvirem reclamar, até mesmo para meus pais, que “estava doendo” com tantos ataques, diziam com amor: “Júnior, ninguém joga pedra em árvore que não dá frutos.” Eu amo meu público, especialmente do grupo. Por outro lado, minha família dizia: “Pare de ler comentários”…

Minha família passou a entender a força dos comentários quando meus pais sempre pediam para eu postar mais sobre minha vida pessoal e deles. Eu pedia para eles não se exporem. Um dia, postei uma foto de um pão que minha mãe fez no meu Facebook pessoal. Ela ficou feliz, radiante. No dia seguinte, quando fui almoçar com meus pais, ela estava assando pão atrás de pão, pois meus seguidores disseram que o pão “estava verde”. Ela assou mais de 10 pães naquele dia e, graças a Deus, fechou as redes sociais e parou de acessar o Facebook.

Nos últimos dois anos, tenho gritado muito, e nos últimos meses, incrivelmente, tenho rido de algumas críticas, mas só consegui agir com deboche depois da terapia, onde tive que trabalhar tudo.

Não é fácil. E quando reclamo, minha mãe diz: “Se contenta, pois o que tu ganha não paga nem a parcela de tal coisa tua”. Isso é fato, embora seja uma realidade anterior à pandemia, já que o mercado publicitário saiu devastado dessa fase, vivendo preços que, hoje mesmo, discutia com o comercial: “Nem em 2015 eu vendi esse tipo de anúncio tão baixo”.

Enfim, novos tempos, novas realidades. Que a sociedade entenda que “não é só um comentário de rede social” e que “dói”, prejudicando nossas vidas e carreiras. Todo mundo lê comentários, e isso é muito prejudicial.

Júnior Cardoso – fundador do PIRANOT.





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