O grupo controlador dos supermercados Dia no Brasil anunciou, com um tom de mágoa, a venda das suas últimas lojas, centrais administrativas e de distribuição na Grande São Paulo. A operação foi fechada por aproximadamente 600 reais, valor simbólico baseado em 100 euros, ainda sujeito a descontos de impostos brasileiros, transferências internacionais e impostos do país recebedor. O grupo afirmou que continuará operando na Argentina, mercado mais lucrativo, dando um tapa astronômico na cara dos brasileiros que sempre menosprezou a rede. No último ano, a mesma adotou uma linguagem “malandra” em produtos internos e contratou influencers para divulgar os nomes engraçados que deu aos produtos de venda própria. A ação de marketing deu alcance nas redes sociais, mas no mercado de comunicação sempre foi notada como “marketing”.
Entre as dificuldades enfrentadas pelo grupo no Brasil, destacam-se questões tributárias, riscos jurídicos elevados e baixas margens de lucro. Essas adversidades tornaram a administração das operações no Brasil uma tarefa extremamente desafiadora, um “hospício”, já que precisa ser “louco” para empreender no país.
Além do Dia, outros grupos, como o Walmart, também deixaram o Brasil no governo de Jair Bolsonaro, evidenciando que os problemas não são exclusivos a um período governamental específico, mas sim persistentes ao longo dos anos e séculos.
A confirmação
Nesta sexta-feira (31), o varejista espanhol Dia confirmou a venda de seus negócios no Brasil por 100 euros e a decisão de focar em mercados mais lucrativos como Espanha e Argentina. A gestora de ativos brasileira MAM Asset Management, pertencente ao Banco Master, será a nova proprietária da rede de supermercados no Brasil.
O Dia se comprometeu a transferir 39 milhões de euros para sua unidade brasileira antes da venda, e a transação resultará em um impacto contábil negativo de 101 milhões de euros. Em março, o grupo já havia anunciado o fechamento de mais de 300 lojas e três centros de distribuição no Brasil após resultados negativos. Mesmo assim, informou que continuaria operando suas 244 unidades em São Paulo.
A venda faz parte de uma estratégia maior do Dia para reduzir sua dívida financeira líquida. No ano passado, o grupo também anunciou sua saída de Portugal, onde operava cerca de 500 supermercados. Desde sua chegada ao Brasil em 2001, o Dia realizou investimentos significativos que não geraram o retorno esperado.
Com mais de 2.500 empregados em São Paulo, o Dia agora concentra suas operações na Espanha e na Argentina, onde detém uma posição relevante no mercado. A decisão reflete uma estratégia de focar em regiões mais lucrativas e reduzir a exposição a mercados desafiadores como o brasileiro.